PT — Manlio Dinuccci — A Arte da Guerra — Sob a bandeira tricolor que ondula em Camp Darby

2019, rivoluzione a Camp Darby: deposito munizioni potenziato e ...

Manlio Dinucci

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Se bem que muitas actividades bloqueadas pelo ‘lockdown’ lutem para recomeçar, após o afrouxamento das restrições, há uma que, nunca tendo parado, está agora a acelerar: a de Camp Darby, o maior arsenal USA no mundo, fora da pátria, localizado entre Pisa e Livorno.

Depois de cortar cerca de 1.000 árvores na área natural “protegida” do Parque Regional de San Rossore, começou a construção de uma secção ferroviária que ligará a linha Pisa-Livorno a um novo terminal de carga e descarga, atravessando o Canale dei Navicelli sobre uma nova ponte metálica giratória. O terminal, com cerca de vinte metros de altura, incluirá quatro trilhos capazes de acolher, cada um deles, nove vagões.

Por meio de carrinhos de movimentação de contentores, as armas recebidas serão transferidas dos vagões para grandes camiões e as que saem dos camiões irão para os vagões. O terminal permitirá o transporte diário de dois comboios ferroviários que, transportando cargas explosivas, ligarão a base ao porto de Livorno através de áreas densamente povoadas. Após o aumento de movimento de armas, já não é suficiente a ligação por canal e por estrada de Camp Darby ao porto de Livorno e ao aeroporto de Pisa. Nos 125 bunkers da base, fornecidos continuamente pelos Estados Unidos, estão armazenados mais de um milhão de projecteis de artilharia, bombas e mísseis (de acordo com estimativas aproximadas), aos quais se juntam milhares de tanques, veículos e outros materiais militares.

Desde 2017, navios de grande porte recentes, capazes de transportar cada um deles, mais de 6.000 veículos e cargas sobre rodas, fazem ligações mensais para Livorno, descarregando e carregando armas que são transportadas para os portos de Aqaba na Jordânia, Jeddah na Arábia Saudita e outros aeroportos do Médio Oriente para serem usadas ​​pelas forças americanas, sauditas e outras, nas guerras na Síria, no Iraque e no Iémen.

No momento em que está em curso a expansão de Camp Darby, o maior arsenal dos EUA no exterior, o título de um  jornal online da Toscana, “Era uma vez Camp Darby”, explicando que “a base foi redimensionada, devido aos cortes na Defesa, decididos pelo governo USA” e o jornal Il Tirreno anuncia “Camp Darby, ondula sob a bandeira italiana: a bandeira dos EUA foi baixada após quase 70 anos”. O Pentágono está a fechar a base, restituindo à Itália, o território na qual ela foi criada? Absolutamente o contrário.

O Exército dos EUA concedeu ao Ministério da Defesa italiano uma porção da base (34 hectares, cerca de 3% de toda a área de 1.000 ha) anteriormente usada como área de lazer, para que fosse transferido o Comando das Forças Especiais do exército italiano (COMFOSE), inicialmente alojado no quartel Gamerra de Pisa, sede do Centro de Treino de Paraquedismo (il manifesto, 5 de Março de 2019).

A transferência ocorreu silenciosamente durante o ‘lockdown’ e agora o COMFOSE anuncia que o seu quartel general está localizado na “nova área militar”, de facto, anexada ao Camp Darby, uma base onde o treino conjunto de soldados americanos e italianos está a ocorrer há algum tempo. A transferência do COMFOSE para uma área anexa ao Camp Darby, formalmente sob a bandeira italiana, permite a total integração das forças especiais italianas com as dos EUA, utilizando-as em operações encobertas, sob comando USA. Tudo sob a capa do segredo militar.

Ao visitar o novo quartel general do COMFOSE, o Ministro da Defesa, Lorenzo Guerini, designou-o como “o centro nervoso” não só das Forças Especiais, mas também das “Unidades de Psyops do Exército”. A tarefa dessas unidades é “criar o consenso da população local em relação aos contingentes militares empregados em missões de manutenção da paz no exterior” ou seja, convencê-los de que os invasores são os missionários da paz.

O Ministro Guerini indicou, finalmente, o novo quartel general como sendo o modelo do projecto das “Casernas Verdes”. Um modelo de “bem-estar e eco-sustentabilidade”, que repousa sobre um milhão de ogivas explosivas.

Manlio Dinucci

il manifesto, 13 de Julho de 2020


Tradutora: Maria Luísa de Vasconcellos

Email: luisavasconcellos2012@gmail.com

Webpage: NO WAR NO NATO

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