Como o governo-holograma dos EUA ‘confrontará’ China, Rússia e Irã

26/1/2021, Alastair Crooke, Strategic Culture Foundation (fragmento)

Sobre EUA e CHINA

“A verdade é que Trump perdeu a ‘guerra comercial’ contra a China (…).

Pouco há a fazer, que altere isso. O crescimento chinês voltou, e a China continua a ser a fábrica global. É o maior mercado para produtos da União Europeia (deslocou os EUA para o segundo lugar).

Assim, Biden está condenado a arrastar sozinho a carroça da guerra contra a liderança da China no campo tecnológico. Mas para que dê certo (quero dizer, para que não fira mais os EUA que a China), os EUA precisarão de aliados que se unam no projeto de isolar a China. Problema é que, precisamente durante a demência que foi e está sendo a ‘transição’ em Washington, a UE já correu a concluir um grande acordo comercial com a China. Esse movimento da UE (que enfureceu o governo-holograma), reflete mudança chave nas atitudes dos europeus (embora, sim, ainda gere controvérsias).”

Sobre a Rússia

“A Rússia transformou-se ao longo dos anos recentes: as forças armadas russas foram remodeladas e reorganizadas – e silenciosamente o projeto russo para ‘conter’ [se vier a ser necessário] o ‘ocidente’ foi repensado sob novo formato. O maior paradoxo de todos contudo é que, enquanto os EUA ‘transformavam-se’ na direção de uma economia experimental de Moderna Teoria Monetária (MTM; ing. Modern Monetary TheoryMMT), a Rússia fez o contrário. Tornou-se economicamente ‘prudente’. Foi dos raros países que mantiveram funcionais as próprias variáveis econômicas. Não está sobrecarregada nem por dívidas nem por déficits, e investe em capacidade PRODUTIVA (maiúsculas do autor). Em breve, começaremos a ver o capital ‘ocidental’ voando EM BUSCA (maiúsculas do autor) da estabilidade da economia russa. O presidente Putin pouco se incomodará por causa de Navalny, ou pela volta de Bill Burns (ex-embaixador dos EUA na Rússia).”

Sobre o Irã

“Agora, as armas nucleares permanecem na agenda –, mas tornaram-se questão subsidiária. Ao longo de anos recentes, enquanto todo o foco ‘ocidental’ permanecia fixo na ‘Grande Bomba’ nuclear, o Irã, silenciosamente, ia orientando – na direção de Israel e EUA – poder de contenção muito maior. Antes, embora a questão nuclear permanecesse no topo da agenda, nem os mais altos funcionários da segurança de Israel acreditavam – ou algum dia acreditaram – que alguém usaria armas nucleares contra eles. Simplesmente porque o Oriente Médio é pequeno demais.

O novo paradigma, criado na modalidade stealth [‘invisível’ a radares], é que Israel vê-se agora cercada por mísseis cruzadores e drones armados, pequenos, que voam perto do solo – e são muitos, – de Gaza ao Líbano e Síria; e do Iraque, Irã e Iêmen. Esse novo paradigma é real, e tem capacidade para devastar Israel. E contra isso Israel não tem resposta (ou só tem resposta muito limitada).” [Fim da citação]

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