Por Ricardo Guerra para o Saker Latinoamérica e PLR — 24 maio de 2022
Logo após a “cordial” visita de Victoria Nuland ao Brasil, enquanto o povo se distraia com o casamento de Lula e com a alardeada presença de Elon Musk em nosso país – que na verdade (entre outras coisas) indica o avanço do plano do imperialismo de monitoramento e controle profundo sobre a Amazônia:
- Os generais que formam a alta cúpula de uma organização tupiniquim – que pretende se assemelhar (nas palavras de Piero Leirner) ao Pentágono ou uma versão Tabajara do Deep State estadunidense;
- Escancararam o acordo que possuem com o império para atuar como seus encarregados de ordens, sobre a pilhagem que estes (aqui) fazem.
Foi lançado em 20.05.2022 um projeto liderado pelo Instituto Sagres, junto com o Instituto Federalista e o Instituto Gen. Villas Bôas, denominado “Projeto de Nação”:
- Um Umbrella Deal 3.0 atualizado, que pretende avançar de forma duradoura e ainda mais rápido que a sua versão original – sobre o patrimônio público, financeiro e natural do Brasil;
- Usando o linguajar militar (conforme fez Piero Leirner), um plano para administração do butim – ao modo Rand Corporation Tabajara.
Tudo segue um roteiro que não poderia ser estabelecido sem o aval do alto comando militar que, por sua vez, segue à risca as diretrizes traçadas pelo Deep State estadunidense (gerenciando a nossa versão tabara de deep state):
- Um projeto de poder que, em futuro não muito distante, visa dispensar a preocupação com governos;
- Visto que, o aparelhamento que vêm fazendo na administração pública, tornará governantes e governos (em todas as instâncias) meros acessórios figurativos na estrutura administrativa do Estado brasileiro.
A administração pública já encontra-se hoje, toda controlada por militares:
- Inclusive com o domínio sobre os orçamentos dos primeiros, segundos e terceiros escalões;
- Agora, com a permissão (via decreto presidencial) para que militares na ativa possam exercer cargos nos governos por tempo indeterminado – viabilizando, assim, a permanência deles no poder por muito tempo.
Além disso, com o Congresso e os parlamentos locais majoritariamente configurados por direitistas e entreguistas desavergonhados:
- As pautas favoráveis aos interesses do imperialismo rapidamente vão passando;
- Daqui a pouco voltam as conversas e negociações sobre o semi-presidencialismo e nada vai sobrar de poder nas mãos do próximo presidente.
Assim, a nossa Pátria Mãe (sempre tão distraída) – sem perceber – vai sendo (mais e mais) subtraída por tenebrosas transações (ver também aqui).
Particularmente esta semana, com as notícias sobre o badalado casamento de Lula, onde a mídia divulgou mais fotos e comentários sobre Alckmin junto com Lula do que sobre ele com a sua própria noiva:
- Enquanto o amor (de Janja) e a sua possível vitória em 2022 (?) parecem estar redimindo a justiça na vida de Lula (anestesiando e comovendo seus eleitores e evocando revolta e ódio em seus opositores);
- O dito “Projeto de Nação” foi lançado – evocando, segundo disseram na cerimônia de apresentação – um “cenário prospectivo” para o Brasil em 2035;
- Um projeto que na realidade nos remete direto ao nosso passado colonial, sem qualquer perspectiva de independência a ser vislumbrada – a não ser que a sua referência à nação esteja relacionada aos EUA e não ao Brasil.
Dessa forma, o pouco que ainda nos resta de soberania será definitivamente tomado e o mínimo de patrimônio sobre os quais ainda detemos poder, será integralmente saqueado.
Do jeito que tudo está sendo encaminhado, pouca influência terá quem ganhar a próxima e as seguintes eleições:
- Não haverá a mínima condição de se governar o nosso país – de acordo com os verdadeiros interesses nacionais e as reais necessidades do povo brasileiro;
- Mesmo que essa seja a maior vontade do postulante do principal cargo executivo do país – e ele tente implementar os maiores de seus esforços para que isso aconteça.
Tempos cada vez mais difíceis nos esperam e o crescente massacre sobre o nosso país só tende a aumentar.
A mídia tradicional e os disparos em massa nas mídias alternativas vão tratar de dar um ar de nacionalismo a toda essa tramóia do imperialismo junto com os generais e, de resto, é preciso apenas dirimir uma dúvida:
- O Deep State Tabajara – a Central de Comando e Controle de informações da reinicialização do Estado brasileiro (a serviço do imperialismo e da aceleração da agenda neoliberal) – vai querer eleger um candidato puro sangue;
- Ou vai se conformar com Lula para que governe – em seu benefício – a serviço do império?
Se optarem por candidato próprio, Lula (ou qualquer outro candidato que não seja 100% alinhado à agenda imperialista para o nosso país) dificilmente vencerá, e se vencer não terá autonomia para governar.
Mas se optarem por Lula, principalmente pensando no efeito dessa vitória sobre as massas, as dúvidas que se apresentam são outras:
- Lula está vendo tudo isso e capitulou de vez, entregando-se de braços abertos ao projeto do imperialismo para o nosso país?
- Lula não é a raposa política que todos acreditavam ser, e não está enxergando um palmo à sua frente?
- Ou será que ele tem (ou pensa que tem) alguma carta na manga para conseguir sair dessa cruzeta na qual está encapsulado?
Ao que tudo indica, Lula apenas representa nesse cenário – uma candidatura tupiniquim do Partido Democrata dos EUA:
- E na verdade, se assumir a presidência, provavelmente representará o papel figurativo que tem a Rainha Elizabeth para a Inglaterra;
- Enquanto isso, os militares (na coxia do Estado Profundo à brasileira) irão continuar a fazer, sem alarde, “a boiada a passar” – impondo o modelo Curió de administração não só para a Amazônia, mas para todo o Estado brasileiro (ver também aqui e aqui).
Enfim, o “projeto” em pauta, nada mais é que simplesmente um projeto de poder desse grupo de militares que, ao contrário do que dizem, representa o oposto do que se pode denominar como de interesse da nação:
- Vergonhosamente, apenas visa posicionar o Brasil como o principal fornecedor de matérias primas para o império;
- Mantendo o imperialismo estadunidense no comando da imensa fazenda extrativista que o Brasil representa ser na configuração geopolítica atual;
- Sendo eles (os militares) os seus encarregados locais – para garantir o processo de desmonte da indústria nacional e a aceleração da agenda de reformas, visando a precarização do trabalho e a exploração dos trabalhadores;
- Uma verdadeira catástrofe para nós, povo brasileiro, que prevê até o fim da gratuidade do SUS;
- Assim como, o impulsionamento da pauta autoritária orientada para inibir e impedir qualquer forma de luta e atos de enfrentamento e de resistência social.
Com o imperialismo conseguindo impor, cada vez mais, o massacre total sobre o nosso país e o nosso povo, estão ficando muito estreitas (praticamente inviáveis) as margens para a utilização de políticas públicas e sociais que foram aplicadas com sucesso ou com relativo sucesso no passado.
Cabe a nós, militantes anti-imperialistas e revolucionários, o dever de denunciar esse massacre e buscar – com todas as nossas energias – estratégias para viabilizar ações que estabeleçam a ruptura desses mecanismos de controle sobre o Estado brasileiro que roubam a possibilidade de futuro para o nosso povo e nação.
¡Arriba los y las que luchan!
Ricardo Guerra é cronista anti-imperialista. Articulista da Gazeta Revolucionária, da Primera Línea Revolucionária América Latina, da Rádio Expressa e da Rádio Revolução Latino-americana.
Mourão terminou a apresentação sobre o tal “projeto de nação” dizendo ser esse o “destino manifesto” do Brasil …é esse?.. Já pensaram? Ser capacho dos EUA?… Eu não acreditei qdo ouvi
Os EUA professam ser o destino manifesto deles dominar e levar (impor) seu modelo ao mundo. Ser império. Os nossos milicos dizem ser o nosso destino manifesto, ser colônia. Elaboram um projeto para isso e ainda se orgulham disso. Meodeus!!!
Para quem não conhece 👇
O modelo Curió de Amazônia verde-oliva descrito por Piero Leirner
Major Curió, para quem não se lembra, foi aquele que participou de assassinatos de prisioneiros, tortura, ocultação de cadáveres e sequestro de crianças no Araguaia. No Governo Figueiredo, como oficial do SNI, foi o interventor da Serra Leste, designado para “organizar” o garimpo em Serra Pelada. “Acabou a balbúrdia”: jogou as corrutelas e bares para as margens do garimpo, mandou todo mundo cantar o hino nacional às 06:00 AM, centralizou a venda de ouro e constituiu um aparelho de informações digno de nota. Depois vieram os “efeitos colaterais”: controle dos sindicatos, comércio, atividades legais e ilegais, quem vive e quem morre (lembra algo?), com um grupo paramilitar de “bate-paus”; contratos com mineradoras estrangeiras, e subsequente saque do ouro brasileiro (isso nunca foi parar nos cofres do BC) só com intermediação de sua rede. Foi deputado federal nos anos 80 e, de tão poderoso na região, Serra Pelada virou “Curionópolis”. Finalmente, ele se tornou um “coronel”, nos dois sentidos do termo: como militar e como o político que controlava tudo em Curionópolis…
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