Por Caitlin Johnstone em 31 de maio de 2023
Hoje, em Tirania, temos três histórias sobre os crescentes abusos autoritários nas “democracias livres” ocidentais.
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Ouça a leitura deste artigo (leitura por Tim Foley, em inglês)
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1. Repórter da Grayzone detido pela polícia antiterrorista britânica por fazer jornalismo.
Kit Klarenberg da Grayzone foi detido por “seis oficiais anônimos antiterroristas à paisana” que “o interrogaram por mais de cinco horas sobre suas reportagens” ao retornar à Grã-Bretanha em 17 de maio, de acordo com um novo relato do editor da Grayzone, Max Blumenthal.
Blumenthal relata que Klarenberg foi interrogado sobre The Grayzone e seu trabalho com a agência independente, dizendo que a polícia “apreendeu os dispositivos eletrônicos e cartões SD do jornalista, fez impressões digitais, tirou amostras de DNA e o fotografou intensamente”, ameaçando-o com prisão se ele não cooperasse.
Blumenthal escreve que a ação policial foi provavelmente uma retaliação pela reportagem de Klarenberg para o canal, o que irritou autoridades britânicas e figuras da mídia do establishment com as informações inconvenientes que relatou sobre seu comportamento:
O interrogatório de Klarenberg parece ser a maneira de Londres retaliar os relatórios de grande sucesso do jornalista expondo as principais intrigas da inteligência britânica e americana. Somente no ano passado, Klarenberg revelou como um grupo restrito de conservadores linha-dura de segurança nacional violou a Lei de Segredos Oficiais para explorar o Brexit e instalar Boris Johnson como primeiro-ministro. Em outubro de 2022, ele ganhou manchetes internacionais com sua exposição dos planos britânicos de bombardear a Ponte Kerch que liga a Crimeia à Federação Russa. Então veio seu relato sobre o recrutamento pela CIA de dois sequestradores de 11 de setembro em abril, uma sensação viral que gerou enorme atenção na mídia social.
Entre as exposições mais consequentes de Klarenberg estava seu relato de junho de 2022 desmascarando o jornalista britânico Paul Mason como um colaborador do estado de segurança do Reino Unido determinado a destruir The Grayzone e outros meios de comunicação, acadêmicos e ativistas críticos do papel da OTAN na Ucrânia.
Afirmando que Klarenberg não fez nada mais nefasto do que se envolver na “mesma prática jornalística que os jornais mais proeminentes do Ocidente, do The New York Times ao The Washington Post, dependem para dar notícias”, Blumenthal diz que parece que “as autoridades britânicas não detiveram Klarenberg por quaisquer violações legais, mas porque ele relatou histórias factuais que expuseram as próprias violações do estado de segurança nacional do direito interno e internacional, bem como as tramas malignas de seus lacaios da mídia”.
O próprio Blumenthal foi submetido a assédio e intimidação legal nos Estados Unidos há alguns anos, preso e acusado de ter cometido “agressão” enquanto relatava os esforços imperiais para expulsar o governo venezuelano de sua embaixada em Washington DC. As acusações foram posteriormente retiradas.
Grayzone tem feito algumas das melhores reportagens independentes na mídia alternativa nos últimos anos, e deve usar seu status agora evidente como um espinho no lado do império com orgulho.
2. Sul da Austrália aprova a lei draconiana antiprotesto.
Reagindo às recentes manifestações inconvenientes de ativistas ambientais, o estado da Austrália do Sul acaba de aprovar rapidamente uma legislação — sem consultar o público — para aumentar exponencialmente as penalidades por protestos não autorizados. Os manifestantes agora enfrentarão até três meses de prisão e multas de US$ 50.000 se forem considerados culpados da ofensa extremamente vaga de “obstruir um lugar público” com seus protestos.
O Centro de Direito dos Direitos Humanos expressa o seguinte:
A Austrália do Sul é a mais recente jurisdição a impor penalidades severas às pessoas por se envolverem em protestos pacíficos, juntando-se a Nova Gales do Sul, Tasmânia, Victoria e Queensland, que aprovaram leis antiprotesto nos últimos cinco anos. As leis antiprotesto da Austrália do Sul carregam as penalidades financeiras mais severas da Austrália.
O projeto de lei é excessivo e terá um efeito assustador sobre o direito de protestar no sul da Austrália. O projeto de lei também é potencialmente inconstitucional e em clara violação dos princípios bem estabelecidos do direito internacional dos direitos humanos.
O primeiro-ministro da Austrália do Sul, Peter Malinauskas, ficou chocado e ofendido com o fato de que alguém poderia pensar que penalidades que alteram a vida para atividades de protesto vagamente definidas podem ter algum efeito sobre as atividades de protesto, dizendo: “Uma das coisas que eu achei bastante desconcertante em torno de alguns dos comentários sobre este projeto de lei é que, de alguma forma, reduz ou diminui o direito das pessoas de protestar, o que simplesmente não é verdade”.
Hilariante.
Agora seria provavelmente um bom momento para repetir o meu lembrete periódico de que a Austrália é a única chamada democracia no mundo que não tem carta nacional ou carta de direitos de qualquer tipo. Muita atenção foi dada ao autoritarismo do governo australiano quando suas rígidas medidas durante o Covid estavam em vigor, mas o fato é que este país vem mergulhando de cabeça na tirania desde muito antes do Covid, e continua a fazê-lo agora que os lockdowns já acabaram. Simplesmente não há freios e contrapesos suficientes para evitar que isso aconteça, e não há vontade suficiente do público para lutar por eles enquanto a luta ainda é possível.
3. O Departamento de Estado rejeita perguntas sobre a prisão ucraniana de cidadãos americanos por crimes de discurso.
Em uma conferência de imprensa na semana passada, o novo porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, descartou categoricamente as perguntas sobre se o governo dos EUA estava fazendo alguma coisa sobre o fato de o comentarista Gonzalo Lira ter sido preso e acusado de crimes de discurso pelo governo ucraniano.
Aqui está a transcrição do diálogo do Departamento de Estado:
PERGUNTA: Obrigado. Liam Cosgrove do Epoch Times. Então, isso foi há algumas semanas, mas eu não vi uma declaração oficial sobre isso. Um cidadão dos EUA que reside na Ucrânia foi preso e que ele nasceu na Califórnia; ele era tipo um colaborador do Business Insider e tinha um canal no YouTube. Ele era um crítico franco do regime de Zelensky. O SBU ucraniano divulgou um comunicado de imprensa dizendo que ele foi preso por justificar a invasão de Putin. Então, em última análise, isso se somou à fala. Falei com o congressista Ted Lieu, um democrata, e ele disse que exorta o Departamento de Estado a envolver suas autoridades para trabalhar em algum tipo de negociação para libertá-lo. Será que o senhor está a par disso? Como nos sentimos sobre nossos aliados deterem cidadãos americanos por se expressarem no exterior?
SR. MILLER: Então, vou dizer em geral que estamos cientes do relatório. Nós obviamente apoiamos o exercício da liberdade de expressão em qualquer lugar do mundo, e eu vou deixar por isso mesmo.
PERGUNTA: Então vocês não estão trabalhando para libertá-lo?
SR. MILLER: Vou deixar meus comentários onde acabei de deixá-los.
Não é todo dia que um porta-voz dos EUA recebe uma pergunta tão inconveniente que eles simplesmente se recusam a respondê-la sem sequer fingir fornecer uma explicação para isso.
Lira, um cidadão dos EUA, está enfrentando de cinco a oito anos de prisão por ter “justificado publicamente a agressão armada da Federação Russa”, de acordo com o SBU.
Os americanos estão de acordo com seu governo arriscando uma terceira guerra mundial muito rápida e muito radioativa para defender a liberdade e a democracia de uma nação que aprisiona cidadãos americanos por crimes de discurso? Acho que nunca saberemos, porque ninguém está perguntando a eles.
Se os governos ocidentais precisam continuar aumentando a censura, a propaganda e a perseguição de jornalistas para defender a liberdade e a democracia ocidentais, é realmente liberdade e democracia? E, vale a pena defender?
Fonte: https://caitlinjohnstone.com/2023/05/31/authoritarianism-keeps-surging-in-western-free-democracies/
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