Paul Craig Roberts
“O problema é que o mundo escutou os americanos durante demasiado tempo.” – Dr. Julian Osborne, a partir da versão cinematográfica em 2000, do livro ‘On the Beach’ de Nevil Shute, publicado em 1957.
Um leitor perguntou por que razão os neoconservadores agem a favor de uma guerra nuclear, se bem que não haja vencedores. Visto que todos morrem, qual é o objectivo?
A resposta é que, no mínimo, os neoconservadores acreditam que os EUA podem vencer e, talvez, sem qualquer dano.
O seu plano irresponsável é o seguinte: Washington vai rodear a Rússia e a China com bases de anti-mísseis balísticos, a fim de fornecer um escudo contra um ataque de retaliação da Rússia e da China. Além disso, essas bases anti-ABM dos EUA também podem posicionar mísseis de ataque nuclear desconhecidos da Rússia e da China, reduzindo assim o tempo de alerta para cinco minutos, deixando as vítimas de Washington com pouco ou mesmo nenhum tempo, para tomar uma decisão.
Os neoconservadores pensam que o primeiro ataque de Washington irá prejudicar de tal modo as capacidades de retaliação da Rússia e da China, que ambos os governos se renderão, em vez de lançar um contra ataque como resposta. As lideranças russa e chinesa concluirão que, com as suas forças defensivas reduzidas, haverá poucas oportunidades para que muitos dos seus ICBM (Misseis Balísticos Intercontinentais) possam ultrapassar o escudo ABM (Missil anti-balístico)de Washington, deixando, em grande parte, os EUA intactos. Uma fraca retaliação da Rússia e da China convidaria a uma segunda onda de ataques nucleares dos EUA, que eliminaria cidades russas e chinesas, matando milhões de pessoas e deixando esses países em ruínas.
Em resumo, os belicistas americanos estão a apostar que as lideranças da Rússia e da China se submeteriam, em vez de correr o risco de uma destruição total.
Não há dúvida de que os neoconservadores são suficientemente malvados para lançar um ataque nuclear preventivo, mas possivelmente o plano visa, apenas, a colocar a Rússia e a China numa situação em que os seus líderes concluam que o baralho está empilhado contra eles e, portanto, eles têm de aceitar a hegemonia de Washington.
Para se sentir seguro na sua *hegemonia, Washington teria de ordenar à Rússia e à China que se desarmassem.
Este plano está cheio de riscos. As estimativas erradas são um atributo da guerra. É imprudente e irresponsável arriscar a vida do planeta por nada mais do que a hegemonia de Washington.
O plano neoconservador coloca a Europa, o Reino Unido, o Japão, a Coréia do Sul e a Austrália em alto risco caso a Rússia e a China retaliem. O escudo ABM de Washington não pode proteger a Europa dos mísseis de cruzeiro nucleares da Rússia ou da Força Aérea da Rússia, de modo que a Europa deixaria de existir. A resposta da China atingiria o Japão, a Coréia do Sul e a Austrália.
A esperança da Rússia e de todas as pessoas com sanidade mental é que os vassalos de Washington irão compreender que são eles que estão em risco, um risco do qual não têm nada a ganhar, mas tudo a perder, e repudiarão a sua vassalagem a Washington e irão dispensar as bases militares dos EUA. Deveria ser claro para os políticos europeus que estão a ser arrastados para um conflito com a Rússia. Esta semana, o comandante da NATO/OTAN disse no Congresso dos EUA, que precisava de mais financiamento para uma presença militar na Europa mais destacada, a fim de combater “o renascimento da Rússia”. https://www.rt.com/news/387063-nato-counter-resurgent-russia/
Examinemos o que se considera como “o renascimento da Rússia”. Significa uma Rússia suficientemente forte e confiante para defender os seus interesses e os dos seus aliados. Por outras palavras, a Rússia foi capaz de bloquear a invasão da Síria e o bombardeamento do Irão planeados por Obama e permitiu que as forças armadas sírias derrotassem a força do ISIS enviada por Obama e Hillary para derrubar Assad.
A Rússia está a “ressurgir” porque é capaz de bloquear as acções unilaterais dos EUA contra outros países.
Esta capacidade é bem sucedida devido à doutrina neoconservadora de Wolfowitz, que diz que o objectivo principal da política externa dos EUA é impedir a ascensão de qualquer país que possa agir em oposição à acção unilateral de Washington.
Enquanto os neoconservadores estiveram absorvidos com as suas guerras “surpreendentemente fáceis” que duraram 16 anos, a Rússia e a China emergiram como um controlo sobre o unilateralismo que Washington tinha desfrutado desde o colapso da União Soviética. O que Washington está a tentar fazer é tornar a apoderar-se da sua capacidade de agir em todo o mundo sem que haja qualquer constrangimento de qualquer outro país. Isso exige que a Rússia e a China se afastem.
A Rússia e a China vão aceitar sem qualquer oposição? É possível, mas eu não apostaria a vida do planeta nesse pressuposto. Ambos os governos têm uma consciência moral que falta totalmente a Washington. Nenhum desses governos fica estarrecido com a propaganda ocidental. O Ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Lavrov, disse ontem: “Escutamos inúmeras acusações histéricas contra a Rússia, mas as incriminações estão sempre destituídas de qualquer evidência.
https://sputniknews.com/politics/201705041053274379-lavrov-russia-us-relations/
Possivelmente, a Rússia e a China poderiam sacrificar a sua soberania a favor da vida na Terra. Mas essa mesma consciência moral irá motivá-los a opor-se ao mal que é Washington para não sucumbir à depravação moral. Portanto, considero que o mal que governa em Washington está conduzir os Estados Unidos e os seus Estados vassalos à destruição total.
Tendo convencido as lideranças russa e chinesa de que Washington pretende bombardear os seus países com um ataque surpresa (veja, por exemplo, http://www.fort-russ.com/2017/04/us-forces-preparing-sudden-nuclear.html a questão é como será que a Rússia e a China respondem? Ficam sentados e aguardam um ataque, ou antecipam um ataque deles a Washington?
O que é que vocês fariam? Defendiam a vossa vida submetendo-se ao mal, ou destrui-lo-iam?
Por relatar a verdade o meu nome foi colocado em listas (financiadas por quem?) como um “agente russo”. Na verdade, sou um agente de todas as pessoas que desaprovam a disposição de Washington de usar a guerra nuclear para estabelecer a sua hegemonia sobre mundo. Mas vamos compreender o que significa ser um “agente russo”.
Significa respeitar o direito internacional, o que Washington não faz. Significa respeitar a vida, o que Washington não faz. Significa respeitar os interesses nacionais de outros países, o que Washington não faz. Significa responder a provocações com diplomacia e pedidos de cooperação, o que Washington não faz. Mas a Rússia sim, fá-lo. Claro que um “agente russo” é uma pessoa com moral que quer defender a vida, a identidade nacional e a dignidade de outros povos.
Washington é que quer apagar a moralidade humana e tornar-se o dono do planeta. Como já escrevi anteriormente, Washington sem qualquer pergunta é Sauron. A única questão importante é saber se ainda há bondade suficiente no mundo para resistir e superar a maldade e depravação de Washington.
* Hegemonia significa preponderância de alguma coisa sobre outra. É a supremacia de um povo sobre outros povos, ou seja, a superioridade que um país tem sobre os demais, tornando-se assim um Estado soberano.
Tradutora: Maria Luísa de Vasconcellos
Email: luisavasconcellos2012@gmail.com
SOURCE: http://paulcraigrobertstranslations.blogspot.pt/2017/05/portugues-sauron-domina-em-washington.html
Be First to Comment