Batiushka – 07 de maio de 2022
Contribuição do Dia de São Jorge
Introdução: Guerra
Não sou um técnico-militar, mas tenho ligações muito fortes com militares e um grande interesse pela história militar, tanto russa quanto ocidental, e também por geopolítica, tendo lecionado sobre ela. Eu vivi na Rússia soviética na década de 1970, experimentei suas fraquezas, suas forças e também seu vazio, entendendo que ela acabaria caindo, pois, ninguém mais acreditava no comunismo. Tudo continuava por inércia. O colapso era inevitável. Também conheço muito bem a Rússia contemporânea, a Ucrânia, a Bielorrússia, os países bálticos e a Moldávia. Na verdade, eu estava em Kiev em outubro passado, observando o prédio da Polícia Secreta da SBU/CIA no centro e sendo instruído a calar minha voz enquanto passávamos. Ninguém queria visitar as câmaras de tortura no porão.
A operação especial para libertar o Donbass russo da opressão fascista, que começou em 24 de fevereiro de 2022, significava uma guerra entre a Federação Russa e o regime de Kiev, que sob pressão ocidental se recusava a recuar. Isso significaria inevitavelmente uma guerra entre a Rússia e a OTAN, mesmo que o campo de batalha real ainda estivesse limitado à Ucrânia. Acredito firmemente que o governo russo sabia de tudo isso e previu as consequências, que o Ocidente interviria com todo o poderio econômico, político, militar e tecnológico do complexo militar EUA/OTAN. Esse conhecimento foi o motivo pelo qual o Donbass teve que esperar pela libertação por oito longos e sombrios anos. A Rússia teve que se preparar para o inevitável com muito cuidado.
A preparação
Recordemos como a Rússia soviética caiu por traição, acabando por se dissolver em 25 de dezembro de 1991. Em outubro de 1993, 4.000 fuzileiros navais americanos (eu conheço um deles) foram levados para uma base fora de Moscou. Isso foi apenas para o caso de o levante popular contra a ‘democracia’ e o fantoche, e traidor, ocidental bêbado Ieltsin seguir a defender a Rússia contra a ‘terapia de choque’ dos neoconservadores e seus privatizadores. A repressão da tentativa de libertação em outubro deixou 5.000 russos mortos. O apoio dos EUA estava lá, embora não precisasse ser usado, pois havia traidores russos suficientes para fazer o ato sujo.
A fraqueza russa e a traição interna foi o motivo pelo qual o governo russo traiu a Sérvia na década de 1990 e a Líbia em 2011 – era fraco demais para enfrentar o Ocidente. Depois que a Crimeia retornou democraticamente à Rússia após 60 anos (1954-2014) com o referendo observado internacionalmente em 2014, o Ocidente logo aplicou sanções ilegais à Rússia. Então Moscou sabia que qualquer ação para libertar a Ucrânia da junta ocidental em Kiev teria que ser preparada com muito cuidado, pois as sanções só seriam multiplicadas. Quais preparativos tiveram de ser feitos?
Em primeiro lugar, havia a frente diplomática e comercial. Foi preciso trazer aliados, na Eurásia com China, Irã, Índia, Turquia (Rússia resgatando Erdogan da tentativa de assassinato dos EUA no último momento em julho de 2016), Hungria, depois, da Venezuela para o Brasil, na América Latina e depois, do Egito para a África do Sul, na África. No que diz respeito ao mundo ocidental, especialmente a UE, houvia a chance de apresentar o ponto de vista russo através da RT, pois naquela época a censura ocidental ainda não era total.
Em segundo lugar, havia a modernização das Forças Armadas russas a ser empreendida, com novas armas não nucleares, mísseis hipersônicos, drones, tecnologia eletrônica, algumas das quais seriam testadas na Síria.
Em terceiro lugar, havia a política de substituição de importações a ser implementada para tornar a Rússia independente em caso de novas sanções ilegais ocidentais.
Por que começou em 24 de fevereiro de 2022?
Houve quatro gatilhos que desencadearam a operação especial em 24 de fevereiro.
Em primeiro lugar, o regime Zelensky queria que a Ucrânia se tornasse membro da OTAN. A fraca Federação Russa pós-comunista já havia cometido esse erro muitas vezes, permitindo que a Europa Oriental, notadamente os Bálticos, a Polônia e a Romênia, se juntassem a esse esquema agressivo de proteção. Dessa forma, os estados-tampão do pós-guerra da Europa Oriental, fornecendo uma zona desmilitarizada para a Rússia, terminaram. Afinal, se você fosse invadido do Ocidente com muita regularidade por 800 anos, tendo 27 milhões de seus cidadãos mortos na invasão mais recente, você também não gostaria de uma zona tampão desmilitarizada para protegê-lo? A ofensiva da OTAN no pós-guerra foi a única razão pela qual o Pacto de Varsóvia defensivo teve que ser estabelecido.
Em segundo lugar, com mísseis em bases americanas na Polônia e Romênia e tropas da OTAN desfilando presunçosamente na fronteira da Estônia com a Rússia, a Ucrânia então ameaçou obter armas nucleares. Zelensky, lendo seu roteiro americano como um verdadeiro ator, realmente esperava que a Rússia não reagisse a isso?
Em terceiro lugar, os EUA, não sem a ajuda de seu proncônsul local, o viciado em cocaína Hunter Biden, montaram cerca de trinta biolaboratórios na Ucrânia. Seu objetivo? Encontrar vírus geneticamente inventados para infectar russos. A Rússia não se defenderia?
Em quarto lugar, embora possivelmente isso possa não ter sido descoberto pela Rússia até um ou dois dias após o início da operação especial, ou talvez eles soubessem perfeitamente bem de antemão, o Exército de Kiev manipulado, instruído e armado pela OTAN tinha um plano para invadir o Donbass russo e prosseguir com o genocídio de seu povo. Se tivessem conseguido, é duvidoso que tivessem parado na fronteira russa. Truss, a extremamente estúpida secretária de Relações Exteriores britânica, deixou escapar que a OTAN já tinha as cidades russas Rostov e Voronezh em sua mira.
Após oito anos de tentativas de negociação, que a Rússia usou para ganhar tempo para se preparar para a guerra em caso de idiotice ocidental, foi somente porque não havia alternativa que enviou algumas tropas em uma operação militar inicialmente limitada.
Uma luta pela sobrevivência
Esta é agora uma guerra de atrito. A Rússia tem que destruir todas as armas e tropas da OTAN que entram na Ucrânia da Polônia ou de qualquer outro lugar o mais rápido possível, mais rápido do que podem ser enviados. E isso deve continuar até que o Ocidente desmorone, porque muito material de guerra ocidental tem sido destruído com enormes perdas financeiras para si mesmo.
A Rússia também está contando com os problemas econômicos auto-impostos que o Ocidente enfrenta. O Ocidente, e não apenas a UE, já está sofrendo economicamente. Podem facilmente ocorrer revoltas populares como resultado da inflação e do incrível custo da energia. Isso será muito difícil no próximo outono e inverno. E as consequências dos embargos aos grãos e fertilizantes russos ainda não chegaram. Espere até que os custos dos alimentos subam 100% nos países ocidentais, em vez de subir apenas 10% como agora: então você terá tumultos nas ruas e saques nos supermercados. Quanto à moeda ucraniana, ela é inútil, apoiada pelo FMI administrado pelos EUA, que em 2014 roubou os US$ 15 bilhões das reservas de ouro ucranianas em expectativa. Caso contrário, a Ucrânia teria dado calote há muito tempo.
As apostas são enormes para todos. A China está apoiando a Rússia porque a Rússia é como um escudo para ela. Se a Rússia cair, então a China é a próxima e ela sabe disso, e é por isso que apoia a Rússia. O Perigo Branco seguirá em direção à China, fazendo com que o suicídio em massa imposto pelos britânicos das chamadas “Guerras do Ópio” pareça um piquenique. Não haverá retomada de Taiwan no futuro próximo, em vez disso haverá economistas de Harvard e banqueiros mercantes tomando o poder e ganhando bilhões em Pequim, como na Rússia depois de 1991. E então, em meio a guerras civis, milhões e milhões de chineses tomarão o caminho do suicídio, exatamente como aconteceu na Rússia dos anos 1990. Não se engane, esta é uma batalha pela sobrevivência dos sete bilhões do mundo contra um bilhão.
É por isso que hoje a Rússia continua firme, com 80% da população atrás do presidente Putin, ao contrário do mundo ocidental, onde é raro encontrar um líder que tenha mais de 30% de apoio. Por quê? É simples: o presidente Putin ama seu país, ele é um patriota: os líderes ocidentais não são patriotas, são mercenários venais, não mais do que os governos fantoches dos EUA na Europa Oriental. Os únicos russos contra o presidente Putin são os traidores, recrutados pela CIA, e ainda há muitos em Moscou e em outros lugares, mas não vamos citar nomes aqui.
É verdade que muitos da quinta coluna de traidores em Moscou já partiram ou estão partindo, sendo Tel Aviv um destino popular para eles. Para a Rússia, este não é um conflito localizado em suas fronteiras, como ainda parece para a maioria dos ocidentais, embalados em ilusões por seus ministérios de propaganda de Goebbels (‘mídia’). Para a Rússia, esta é uma luta pela sobrevivência tanto quanto a Segunda Guerra Mundial. Esta é a Terceira Grande Guerra Patriótica. Deixe-me explicar.
Para quem não sabe, a invasão da Rússia em 1812 por Napoleão e suas hordas bárbaras multinacionais é conhecida como a Primeira Guerra Patriótica. A invasão de 1941 por Hitler e suas hordas bárbaras multinacionais é conhecida como a Segunda Guerra Patriótica. É nossa opinião que assim como a Guerra defensiva de 1941-1945 foi chamada de Segunda Guerra Patriótica, a Guerra defensiva de 2022- ? Será conhecida como a Terceira Guerra Patriótica. Varsóvia e Bucareste, Berlim e Paris, prestem atenção.
Quando Tudo Começou?
Quando tudo começou? Na verdade, não foi em 24 de fevereiro de 2022. Alguns, de má vontade, admitirão que foi a mudança de regime administrada pelos EUA em 2014, com seu preço de US $ 5 bilhões para o infeliz contribuinte dos EUA. De má vontade, alguns podem admitir que remonta ainda mais a novembro de 1989, a Queda do Muro. Alguns podem sugerir duas gerações antes disso, em setembro de 1939, quando Stalin tomou o cálice de veneno do oeste da Ucrânia, Galícia, da Polônia e teve que travar uma guerra fornecida pela CIA contra guerrilheiros fascistas até 1958.
Alguns podem sugerir exatamente 100 anos atrás, em 1922, quando o cérebro sifilítico de Lênin transferiu da Rússia a metade sul e leste da atual Ucrânia para a Ucrânia, pois ele queria que o proletariado industrial pró-comunista do sul e do leste contrabalançasse o real Norte agrícola ucraniano e oeste. Mas também poderíamos voltar a 1914, a invasão do Império Russo pela Alemanha, Áustria-Hungria e Turquia. Isso é exatamente 100 anos antes da revolução colorida de 2014 orquestrada pelos EUA em Kiev, com seus atiradores lituanos no telhado da Embaixada Americana em Kiev assassinando policiais ucranianos e depois os EUA culpando a ‘repressão’ do governo pró-Rússia democraticamente eleito.
Conclusão: Uma luta até o fim
A Rússia deve vencer esta guerra contra a OTAN. No entanto, a última coisa que a Rússia quer é uma guerra nuclear, por mais que alguns tolos no Ocidente falem disso. E por mais tentadores que possam ser como alvos as cerca de 1.000 bases americanas ao redor do mundo, a Rússia certamente não quer que a guerra se espalhe para fora do atual território ucraniano. Se a Rússia não vencer, a Federação Russa será humilhada e desmantelada e se tornará apenas mais um grupo de colônias para saqueadores de ativos e traficantes de escravos ocidentais. Então, o sonho britânico do golpe de estado de 1917, transformado em pesadelo porque o sonho estúpido permitiu que o bolchevismo chegasse ao poder, se tornará real.
Depois disso, a China cairá em seguida e, em seguida, o resto do mundo ainda livre, se no momento empobrecido e explorado, cairá como dominós nas mãos ocidentais neocoloniais. E esse será o fim do mundo sob uma Ditadura Global dos EUA, eufemisticamente conhecida como ‘o Mundo Unipolar’. Não estamos prontos para isso. Preferimos lutar. Como o presidente Putin disse, um mundo sem a Rússia não é aquele em que desejamos morar. Como já dissemos antes, essa é a nossa única chance de trabalhar em direção a uma união de repúblicas (não soviéticas) sociais (não socialistas) e uma aliança de países que favorecem a prosperidade e a justiça, não a pobreza e a injustiça.
Dia de São Jorge ortodoxo russo 2022
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