“A última batalha para [salvar] o mundo”

Batiushka para o Blog Saker – 14 de novembro de 2022

Introdução

Quando, na semana passada, as tropas aliadas abandonaram a margem direita (= ocidental, ou neste caso ao norte [ 1 ]) do Dnieper e, assim, a cidade regional de Kherson (população original de 283.000), a confusão reinou entre aqueles com uma visão de curto prazo sobre este conflito. Provavelmente eles vinham ouvindo a propaganda ocidental por muito tempo. Provavelmente eles haviam se esquecido de que, se a Rússia tinha dificuldades em manter Kherson na margem direita, a Ucrânia certamente teria ainda mais dificuldades. Voltemos a alguns fatos básicos para esclarecer um pouco essa confusão.

Assuntos Militares

O governo da Federação Russa relutou em intervir na Ucrânia pós-mudança de regime de 2014. Sempre manteve a esperança de que as negociações e a diplomacia superassem a agressividade e a estupidez ocidentais.

O governo da Federação Russa sabia que os EUA, por meio de seus vassalos da OTAN, estavam enchendo a Ucrânia de armas e treinando suas tropas durante os oito anos entre 2014 e 2022.

Portanto, o governo da Federação Russa teve oito anos para planejar esse conflito, planejando diferentes cenários e também preparando movimentos de sondagem e distração, como aquele em direção à Kiev em março passado. Um dos cenários era o de que os EUA continuariam a intervir ao lado de seu fantoche de Kiev e armando-o até os dentes, também usando países da OTAN, oficiais e um grande número de mercenários para prolongar o conflito, de modo que se desenvolvesse em uma guerra dos EUA contra Rússia. Isso é exatamente o que aconteceu. A Rússia derrotou a Ucrânia em março, mas, desde então, teve que derrotar os EUA e seus aliados da OTAN, desmilitarizando-os assim como desmilitarizou a Ucrânia no primeiro mês do conflito. É por isso que não haverá um fim rápido para o que o conflito se tornou – uma guerra de libertação contra o Ocidente Combinado.

Escritórios da SBU em Kiev.

Uma Ucrânia da OTAN com terras de propriedade da Cargill-Monsanto-Blackstone-Black Rock, biolaboratórios anti-eslavos, armas nucleares em potencial, mísseis americanos na fronteira com a Federação [Russa], genocídio no leste e sul da Rússia, globalismo ocidental e seu experimento de Covid que vazou com armas biológicas ajudando-o a destruir a Rússia e assim estabelecer sua Ditadura Mundial, tornaram-se cada vez mais abomináveis. Tudo isso tornava a libertação russa cada vez mais provável. Mas a libertação apenas dos que a desejam. E quem a desejava?

O governo da Federação Russa sempre soube que no extremo oeste da Ucrânia, antiga Polônia, havia ódio pela Rússia e, por isso, não tinha interesse em tomá-lo. O governo da Federação Russa e seus Aliados primeiro tiveram que libertar seus aliados no Donbass e depois desmilitarizar e desnazificar o resto da Ucrânia ‘Anti-Rússia’, que estava ameaçando sua sobrevivência.

Hoje, a Ucrânia está com um déficit orçamentário de até US$ 5 bilhões por mês, com os gastos militares do país aumentando cinco vezes para US$ 17 bilhões nos primeiros sete meses de 2022.

O Ministério da Economia da Ucrânia admitiu no mês passado que o PIB real do país caiu até 40% no segundo trimestre de 2022. A queda anual na produção econômica da Ucrânia deve chegar a 35%, segundo o Banco Mundial. As autoridades ucranianas preveem que a inflação pode chegar a 40% no início de 2023, possivelmente se transformando em hiperinflação. Tudo o que Kiev pode fazer é instar seus apoiadores ocidentais a verter ainda mais em seu buraco negro.

De acordo com o Instituto Alemão Kiel para a Economia Mundial, os EUA, a UE e outros países prometeram um total de US$ 93,62 bilhões para a Ucrânia entre janeiro e outubro de 2022.

Além de enviar armas e dinheiro para Kiev, a UE também está acomodando os “refugiados” ucranianos. Segundo dados da ONU, a Polônia recebeu 1.365.810, a Alemanha 1.003.029, a República Tcheca 427.696, a Itália 159.968, a Turquia 145.000, a Espanha 140.391, o Reino Unido 122.900 e os EUA 100.000. Praticamente 3,5 milhões ao todo. A possibilidade de mais refugiados, desta vez genuínos, causa arrepios nas já muito fracas espinhas da UE e do Reino Unido.

O custo de moradia dos ucranianos na Europa é considerável, especialmente devido à alta inflação e à desaceleração econômica, ambas causadas pelo boicote dos políticos ocidentais à energia e aos recursos naturais russos. De acordo com o Instituto Alemão Kiel, para algumas nações o custo de abrigar refugiados ucranianos excedeu sua ajuda total à Ucrânia. Por exemplo, a Estônia está gastando mais de 1,2% de seu PIB em ajuda a Kiev e aos refugiados ucranianos. A ajuda cumulativa da Letônia e da Polônia também excede 1% do seu PIB.

Além disso, o apoio popular aos “refugiados” ucranianos tem diminuído em toda a UE. Bandeiras ucranianas foram retiradas em quase todos os lugares: a novidade acabou. Muitos ocidentais enganados, agora empobrecidos, perceberam que a maioria dos ‘refugiados’ não são refugiados, mas aproveitadores. Em sua maioria, os ‘refugiados’ são os ucranianos em melhor situação. Eles têm carros alemães sofisticados, melhores que os de seus anfitriões, expectativas extremamente altas e um incrível senso de direito. Eles puxam, empurram e não agradecem. Todos devem a eles. Como resultado de atitudes gananciosas e francamente preguiçosas, muitos deles estão agora nas ruas das cidades europeias, tendo sido expulsos por seus padrinhos ingênuos, e não há ninguém para realojá-los.

Kiev está ficando sem recursos e dinheiro. Não pode obter ativos russos congelados, porque a Rússia congelou uma quantidade quase equivalente de ativos ocidentais.

A ajuda do Ocidente não pode durar para sempre. A manobra das Forças Armadas da Federação Russa para tomar posições vantajosas ao longo do Dnieper leva a operação especial à exaustão da Ucrânia. Depois de um outubro ameno recorde, o calor continuou em novembro na Europa. Mas não vai durar.

Conclusão: Este será um inverno difícil para a Ucrânia e para o Oeste Combinado, que está sangrando pelo desgaste da Ucrânia. Os Aliados não têm pressa – ao contrário do Coletivo Oeste. Agora parece que a estratégia aliada pode ser avançar para o oeste até a fronteira natural do Dnieper, ocupando todas as províncias a leste dele, mesmo que isso signifique abandonar Kherson por um tempo. Isso dará aos Aliados uma frente relativamente curta e bem protegida. Só então os Aliados considerarão cruzar o rio no sul e tomar Nikolaev e Odessa – o que é bastante provável no futuro a longo prazo. E só então, tendo unido-se à Transnístria, eles considerariam retomar a não-pertencente-à-OTAN Moldávia. E somente depois de terem esmagado a OTAN na Ucrânia, eles considerariam retomar os três Estados Bálticos, que engendraram uma perseguição tão cruel contra suas minorias russas.

Assuntos Políticos, Econômicos e Ideológicos

Por 30 anos, a Federação Russa refletiu sobre o que fazer com o colapso da URSS e as consequentes injustiças e fronteiras absurdas das quinze repúblicas formadas a partir dela. Um grande número de russos encontra-se fora da Federação Russa e está sujeito a perseguições. Desde 2000, o presidente Putin vem fazendo aliados e amigos fora da Federação, sobretudo na Ásia, África e América Latina. Nos últimos anos, um eixo Rússia-China-Irã tomou forma. Ao mesmo tempo, a Federação Russa tem cultivado a autossuficiência, um processo muito acelerado por necessidade pelas sanções ocidentais ilegais impostas contra Moscou quando a Crimeia voltou à Pátria.

O império dos EUA está apoplético com tudo isso, já que a Rússia é agora o principal obstáculo ao poder global totalitário dos EUA, sua Ditadura Mundial, que é o que seus neoconservadores querem. A Rússia é a líder ideológica dos eixos BRICS+ e Rússia-China-Irã que vêm se formando. No entanto, agora parece que até para falhar em seus objetivos, a elite dos EUA terá que gastar mais £ 2,3 trilhões na Ucrânia – o mesmo que gastou tentando conquistar o Afeganistão. E todos nós sabemos como isso terminou. Quanto ao poodle americano, o establishment britânico, tendo perdido seu império, agora está perdendo seu próprio reino desunido e falido. E a UE? Está em seus estertores de morte.

Como símbolo da vitória da ideologia russa, citamos um artigo publicado em seu canal do Telegram pelo jornalista Ruslan Ostashko e notado pelo Pravda.ru. Ele afirma que americanos do Texas, Detroit, Minnesota e outros estados vieram para lutar ao lado da Rússia contra o globalismo e o nazismo. Os americanos declaram que: ‘A Rússia é o último lugar na Terra que está lutando contra o globalismo, o liberalismo e por uma Nova Ordem Mundial, que a América está destruindo’. ‘Pessoal, esta é a última batalha para o mundo’.

13 de novembro de 2022

Nota:

[ 1 ] A margem direita é aquela à sua direita, enquanto você navega rio abaixo. Isso pode estar à esquerda quando você olha para um mapa. Mas os mapas não são a realidade.

O referido artigo do jornalista russo Oslan Ostashko publicado pela Pravda.ru encontra-se aqui – nota da tradutora.


Fonte: http://thesaker.is/the-last-battle-for-the-world


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