Por Ricardo Guerra para o Saker Latinoamérica e PLR — 19 maio de 2022
Os efeitos da “visita” de Victoria Nuland ao Brasil foram imediatos:
- Estão sendo confirmados os acertos quanto ao processo de entrega do setor energético do Brasil (Eletrobrás/Petrobrás) e demais importantes empresas e recursos nacionais;
- Tanto que rapidamente já foi aprovado o processo de privatização da Eletrobras – a primeira grande estatal a ser vendida, após quase quatro anos de governo Bolsonaro.
A agenda neoliberal, processo pelo qual os grandes capitalistas procuram resolver a queda na taxa de lucros no contexto de sua maior crise, rege a nossa administração pública desde 1990 – com a adesão ao Consenso de Washington e o umbrella deal abrindo as portas do Brasil aos rapineiros interesses ultraliberais sobre as nossas empresas, riquezas e recursos naturais (ver o Escândalo do Banestado) – contra o bem-estar social do nosso povo:
- O objetivo é subtrair nosso patrimônio público e os recursos indispensáveis à vida das pessoas;
- Tendo nas privatizações – termo usado pelos agentes a serviço do imperialismo para disfarçar a famigerada entrega de empresas estratégicas de um Estado Nação (subjugado pelos ataques imperialistas) – e na precarização das condições de trabalho e total retirada dos direitos trabalhistas, as suas mais incisivas características.
Como consequência desse processo, além do aumento do uso de mão de obra escrava e semi-escrava e a redução drástica dos salários e dos benefícios para os trabalhadores (com a uberização da economia), o Brasil todo está sendo entregue e transformado num ativo financeiro dos grandes fundos de investimento internacionais, perdendo a soberania sobre suas empresas estratégicas e seus recursos públicos, financeiros e naturais.
Essa é a forma histórica que o imperialismo desde sempre procura assegurar o controle sobre o mercado mundial, mas agora – que o imperialismo está mais agressivo do que nunca e foi para a guerra aberta e em larga escala – a pressão pela rápida efetivação dessa agenda só tende aumentar:
- Afinal, o império precisa ainda mais da garantia de recursos para a continuidade do seu esforço de guerra;
- E para a manutenção da sua hegemonia global.
Portanto, a questão das privatizações nada tem a ver com visão ideológica e, muito mais do que isso:
- Representa um problema de Estado;
- Uma real questão de segurança nacional contra a pilhagem imperialista.
Uma estratégia que contempla o agudo objetivo do imperialismo de sufocar e impedir o desenvolvimento autônomo dos chamados países do capitalismo periférico – inseridos tardiamente e de forma dependente no sistema capitalista:
- E o pior, beneficia principalmente os interesses do capital improdutivo, priorizando o pagamento dos juros abusivos de uma dívida pública artificial e criminosamente forjada (ver aqui e aqui);
- E apenas serve para fomentar a geração de insaciáveis lucros para as empresas dos países capitalistas centrais, ao custo da precarização do trabalho e da exploração dos trabalhadores.
As privatizações deixam milhares de famílias sem sustento e entregam, a preço irrisório, empresas públicas super lucrativas e com potencial para promover o desenvolvimento de uma cadeia produtiva para os países, que assim:
- Perdem capacidade de gerar receitas que poderiam ser utilizadas pelos governos em investimentos em infraestrutura;
- E em bens e serviços fundamentais para a população, tais como saúde e educação.
A recentemente anunciada privatização da Eletrobras significa abrir mão de uma das empresas mais lucrativas do Brasil e entregar ao capital estrangeiro décadas de pesquisa e produção tecnológica que poderiam colocar o nosso país na vanguarda da transição energética:
- Além de aumentar o risco de apagão e aprofundamento da crise econômica;
- Fatalmente fará elevar o valor das contas de luz;
- Sem esquecer o fato de que a qualidade dos serviços privatizados caem de forma tão absurda e o custo das tarifas praticadas pelas empresas doadas ao grande capital vão a patamares tão altos que inviabilizam o acesso a esses serviços por grande parte da população.
O descaso e o desrespeito com a dignidade e a vida das pessoas são outros importantes aspectos a serem observados nesse contexto: os problemas relacionados à privatização da Vale do Rio Doce não deixam dúvidas quanto a isso (ver aqui e aqui).
A segurança energética do nosso país está ameaçada!
A Eletrobras, assim como todas as grandes e estratégicas empresas estatais do Brasil são de propriedade do povo brasileiro:
- Lutar contra as privatizações é um ato de resistência:
- Representa um movimento que simboliza a única perspectiva para viabilizar o processo de construção de uma sociedade mais justa e com soberania para decidir quando, onde e como investir, pensando na qualidade de vida e no bem-estar de toda a população.
O momento é grave e essa situação nos coloca diante de duas alternativas: ou destruímos o sistema capitalista e implementamos uma sociedade socialista, ou o capitalismo – para sobreviver – continuará a escalar ataques contra os trabalhadores e a população mundial.
A hora de lutar é agora! Organize-se! Levante! Lute!
Ricardo Guerra é cronista anti-imperialista. Articulista da Gazeta Revolucionária, da Primera Línea Revolucionária América Latina, da Rádio Expressa e da Rádio Revolução Latino-americana.
Se o Bolsonaro fechar a fatura, tanto faz o próximo governo que vier, só vai entrar para reprimir o povo.
Passou da hora do pessoal acordar pra fazer um movimento nacional-popular. Ficar falando desse engodo eleitoral entre Bolsonaro, Alckimin ou ‘terceira via’ (já que todos são a terceira via) é uma perda de tempo.
Perda de tempo e de paciência.
Oi, vc disse tudo!
Perda de tempo, paciência… Perda de soberania, segurança energética, segurança alimentar, etc… Estamos todos indo para um buraco cada vez mais sem fundo…
Temos que nos organizar.. porque a luta será bem longa.
Estou repetidamente on-record: “O projeto para o Brasil é similar àquele que foi reservado para a Ucrânia.”
Os biolabs ja devem estar funcionando em algum lugar… inclusive. No Brasil, onde saneamento básico é luxo ostentado
O nível da infiltração imperialista na classe politica, militar e na sociedade civil brasileira em geral é insuportável. A esquerda que nunca foi de fato esquerda (PT, PSol, PCB, PCdoB, PSTU …) e os pseudo-nacionalistas diplomados Harvard colocaram sua matilha de “influencers” lacradores na rua — redes sociais, na verdade, pois essa malta infecta tem ojeriza a rua e povo — para enconbrir o assalto à eletrobras. No ano passado, quando aprovaram a rapina na assembleia, organizaram um “Fora Bozo”, mas seguindo as leis usuais da termodinamica, dessa vez operaram ainda mais abaixo: foi o casamento de Lula. A direita usa a oportunidade histórica de restaurar a escravidão.
Que desgraća!
Votlaremos ao nível da República Velha pelo menos.