Larry Johnson e Andrei Martyanov – 14 de maio de 2023
Trazemos primeiro o artigo de Larry Johnson sobre o assunto, seguido de uma nota de Andrei Martyanov.
Como devemos encarar Prigozhin e o Grupo Wagner?
Larry Johnson
Estou fascinado com a desinformação e a decepção espalhadas pelos canais de mídia social sobre o famoso chefe russo Evgeny Prigozhin e suas míticas proezas militares. O exemplo mais recente disso é cortesia do Washington Post de Jeff Bezos:
Chefe da Wagner ofereceu-se para fornecer a localização de tropas russas à Ucrânia, diz vazamento.
OS VAZAMENTOS DO DISCORD | Yevgeniy Prigozhin disse que diria aos militares da Ucrânia onde atacar as tropas russas se eles retirassem suas próprias forças da cidade sitiada de Bakhmut, onde os mercenários da Wagner estavam sofrendo pesadas perdas.
Se alguma vez houve alguma dúvida de que os chamados “Discord Leaks”, supostamente obra de um humilde grunhido da Força Aérea dos EUA, são um vazamento controlado que faz parte de uma operação de informação, este último esbravejo deve apagar qualquer ceticismo.
Siga a lógica aqui. Supostamente há um documento Top Secret que sinaliza inteligência “provando” que Prigozhin ofereceu-se para trair a Rússia a fim de proteger suas próprias tropas há dois meses (lembre-se, o material “vazado” e “descoberto” em 06 de abril por um grupo ligado à inteligência britânica, relatou informações classificadas divulgadas por volta de primeiro de março). Como Prigozhin, que não possui experiência militar e não faz parte da cadeia de comando russa, tem acesso à ordem de batalha das forças russas? Isso não é provável.
O Grupo Wagner não é uma criação de Evgeny Prigozhin. Esqueça o popular meme ocidental de que a Wagner é uma versão russa do Dirty Dozen – os condenados e criminosos que tiveram a chance de se redimir vestindo um uniforme russo e arriscando suas vidas. Essa é uma imagem que a inteligência russa impulsionou e os crédulos do Ocidente a engoliram.
Dou crédito à reportagem de Alexander Mercouris sobre a história da Wagner – ou seja, foi formada sob a direção do serviço de inteligência militar da Rússia, o GRU, e a versão russa do FBI, ou seja, o FSB. Em outras palavras, a Wagner é mais parecida com a Divisão de Atividades Especiais da CIA (ou seja, SAD), que é o braço militar da CIA, e a Legião Estrangeira Francesa. A Wagner, na minha opinião, não está sob o controle operacional de Prigozhin. Ele não é apenas um mestre das artes culinárias, mas também um ótimo ator. Prigozhin apresenta ao mundo a imagem de um homem à beira da loucura e da megolamania, e as agências de inteligência dos EUA e de outros países da OTAN a absorvem.
A Wagner é uma unidade de infantaria leve especializada em treinamento de soldados e combatentes estrangeiros. Assim como o SAD da CIA, a Wagner é liderada por ex-oficiais militares russos da ativa e suboficiais. Meu amigo, Andrei Martyanov, observa corretamente que, embora a Wagner se especialize em combate urbano, não está organizada nem equipada para operar como uma unidade de armas combinadas. No entanto, além de suas capacidades na guerra urbana, a Wagner também serve a um propósito na guerra de informação da Rússia contra o Ocidente.
Também é importante entender que Prigozhin também leva o crédito pela criação da Agência de Pesquisa da Internet, também conhecida como IRA, que a mídia descreve como “uma notória fazenda de trolls que o governo dos EUA sancionou por interferir nas eleições americanas”.
Prigozhin fica muito feliz em assumir o crédito pelo IRA. Ele forneceu o seguinte comunicado à imprensa em fevereiro:
“Eu reajo com prazer”, disse Prigozhin no comunicado. “Nunca fui apenas o financiador da Internet Research Agency. Eu a inventei, criei, a gerenciei por muito tempo. Foi fundada para proteger o espaço de informação russo da propaganda grosseira e agressiva da narrativa anti-russa do Ocidente”.
O quê virá a seguir? Prigozhin criou e financiou secretamente a ROSATOM ou a Agência Espacial Russa? Meio difícil preparar uma omelete saborosa quando você está ocupado montando uma roupa de mercenário militar e uma operação de informações de inteligência na Internet. Prigozhin é o novo Beria sem todo o comportamento sexual desviante, ou assim somos levados a acreditar. Ou talvez ele seja a versão russa do general Patton.
A maioria dos americanos acredita no mito do general Patton como o general que os nazistas e a Wehrmacht mais temiam:
Do filme Patton e da biografia em que se baseia parcialmente, Patton: Provação e Triunfo de Ladislas Farago, fica-se com a impressão de que o Alto Comando Alemão passou a maior parte de suas horas de vigília preocupando-se com Patton e seu paradeiro. Segundo Farago, depois de sua campanha na Sicília, Patton era o general aliado que os alemães consideravam “seu adversário mais perigoso no campo”, o que os levava a assistir suas idas e vindas “como expectadores de pescoço de borracha seguindo uma bola de tênis em Wimbledon”. O problema, observa Yeide, é que “não parece haver um pingo de fato por trás dessa afirmação”.
O mesmo não pode ser dito de Prigozhin. Ele é um objeto de obsessão na mídia ocidental e entre muitos dos líderes políticos. As recentes explosões altamente divulgadas de Prigozhin, incluindo diatribes carregadas de palavrões lançadas contra líderes militares russos, aumentaram as esperanças nos círculos militares e de inteligência da OTAN de que talvez, apenas talvez, o círculo íntimo de Putin esteja começando a desmoronar e que a Rússia realmente não seja nada mais do que um posto de gasolina, com armas nucleares.
Eu não acredito em coincidência. O fato de Prigozhin estar tão publicamente ligado a uma organização militar e uma operação de informações na internet que estão sob o controle da inteligência russa me leva a acreditar que ele é um ator importante na campanha russa para enganar e confundir o Ocidente sobre seus verdadeiros planos e objetivos militares. Na semana passada, Prigozhin fez o possível para convencer os países da OTAN de que a Wagner estava em perigo e corria o risco real de ser invadida por tropas ucranianas recém-fornecidas e fortalecidas. Isso foi então.
Hoje, de acordo com Prigozhin?
[…] as unidades dos PMCs Wagner avançaram até 130 m dentro e ao redor do chamado “Ninho”.
Os grupos de assalto PMC ocuparam 91.000 metros.
1,69 quilômetro quadrado de Bakhmut permanece sob controle inimigo.
09 arranha-céus foram libertados durante o dia, 28 arranha-céus sob nosso controle, 20 sob controle inimigo.
Os grupos de assalto continuam realizando tarefas para a captura final de Bakhmut, e também trabalham nos flancos, onde tiveram que ficar para impedir as tentativas de invasão”.
Sim, esse é o cara que o Washington Post afirma estar negociando secretamente com a Ucrânia para trair os russos. Agora você entende por que estou jogando a bandeira BS [Bullshit – besteira – nota da tradutora]?
Fonte: https://sonar21.com/what-are-we-to-make-of-prigozhin-and-the-wagner-group
Larry sobre Prigozhin
Excelente artigo.
Chefe da Wagner ofereceu-se para fornecer a localização de tropas russas à Ucrânia, diz vazamento.
Acrescente aqui este fato peculiar: o Sr. Utkin, cujo codinome de chamada é, e você deve ter adivinhado, “Wagner”, e que na verdade é o verdadeiro fundador do grupo, o deixou. Tire suas próprias conclusões. Leia o artigo inteiro no blog de Larry.
Fonte: https://smoothiex12.blogspot.com/2023/05/larry-on-prigozhin.html?m=1
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