M,[1] globalismo e a liderança dos EUA, RIP

NOM,[1] globalismo e a liderança dos EUA, RIP
7/4/2020, The Saker, Unz Review The Vineyard of the Saker

Tradução — Amigos do Brasil


“E os que não creem conspiraram e planejaram,
e Deus também planejou, e Deus é o melhor dos planejadores”
Corão SagradoSura Al-Imran (A Família de Imran) – 3:54


Já é bastante óbvio há muitos anos que o Império Anglo-sionista não foi nem é viável, que teria de afundar, mais cedo ou mais tarde. Havia dois principais cenários sempre considerados, tipicamente, para esse colapso: uma crise externa (tipicamente uma grande derrota militar) ou uma crise interna (colapso econômico). Pessoalmente, sempre acreditei mais no primeiro cenário (especificamente como descrevo aqui). Tinha até uma locação “favorita” para a tal derrota militar catastrófica (para os EUA): Irã e Oriente Médio. Mas fosse qual fosse o cenário preferido por um ou outro, era óbvio que:

1.      O Império não era viável; e

2.     O Império não era reformável.


Vale o mesmo para o sistema político dos EUA, por falar nisso.

Mas havia um enorme problema. A qualidade e o tamanho descomunal da máquina de propaganda anglo-sionista continuava muito bem-sucedida na empreitada de manter grande parte das pessoas no Ocidente, em total ignorância dessas realidades. Quanto mais depressa colapsava o Império, mais Obama ou Trump apimentavam suas cerimônias patrióticas de agitar bandeiras (codinome: “conferências de imprensa”), com referências a uma “nação indispensável” que oferecia “liderança vital” graças à sua “melhor economia na história”, “melhores FFAA na história” e, mesmo seus “inacreditáveis líderes de empresas”, “inacreditáveis políticos” e, até, “inacreditáveis conversas”. A mensagem era simples: somos os melhores, acima de todo o resto e somos invencíveis.

Foi quando aconteceu o COVID19.

A reação inicial nos EUA, à pandemia, foi ou descartar completamente, ou culpar os chineses. Outra teoria excepcionalmente idiota ‘ensinava’ que o vírus só afetava asiáticos. Essa logo naufragou. Outros mitos, ou mesmo descaradas mentiras, provaram-se mais resilientes, pelo menos por um tempo.

Então, aconteceu “a Itália”. Depois, em rápida sequência, Espanha e França.

Alguns começaram a mudar de tom. Outros ainda pensaram que a União Europeia não tinha tanta “credibilidade” quanto os EUA.

Então aconteceu “New York” e foi o inferno para a “nação indispensável” e o “parasita imperial” que se servia dos EUA como hospedeiro. Até o idiota-em-chefe mudou de “até a Páscoa estará tudo acabado”, para falar de salvar “milhões de ‘nós’”, estadunidenses [ing. “millions” of (US) “American” (EUA pouca importância dão aos não EUA).

Prevejo que, agora, esse processo só acelerará.

Eis aqui umas poucas razões que me levam a essa conclusão:


Primeiro
, a máquina de propaganda do Império simplesmente não consegue ocultar a magnitude do desastre, mesmo em países como EUA ou Reino Unido. Ah, sim, inicialmente médicos e até comandantes de navios da Marinha dos EUA foram sumariamente demitidos por dizer a verdade, mas mesmo esses casos logo se mostraram grandes demais para esconder, e a opinião pública foi-se tornando cada vez desconfiada de tudo que o governo afirmava, declarava e garantia. A verdade é que a maior parte de todo o planeta já se deu conta de que essa é crise monstro, e que países como Rússia ou China responderam quase infinitamente melhor que os EUA. O planeta também sabe que o “sistema-de-anti-saúde” dos EUA está falido, corrompido e praticamente todo ele é disfuncional, e que aquele otimismo inicial de Trump baseava-se em nada. Por falar nisso – os odiadores de Trump imediatamente instrumentalizara a crise para atacar Trump. O triste é que, por mais que não sejam melhores (e definitivamente não, no caso de Tio Joe [Biden], o da morte cerebral), acertam ao dizer que Trump está completamente desconectado da realidade. Na idade da Internet, essa é uma realidade que nem a máquina de propaganda dos EUA consegue esconder para sempre, do público estadunidense.

Segundo, e isso é hoje bastante óbvio, vai-se tornando claro que a ideologia capitalista de livres mercados, globalismo, consumismo, extremo individualismo e, sobretudo, ganância, é totalmente incapaz de lidar com a crise. Ainda mais ofensivamente para os que ainda creem numa ideologia baseada no pressuposto de que a soma de nossas ganâncias criará sociedade ótima, países com tradições coletivistas mais fortes de solidariedade (seja ‘reforçada’ por ideias marxistas ou socialistas, ou não) saíram-se muito melhor. China para iniciantes, mas também Cuba e mesmo Rússia (que não é nem marxista nem socialista, mas têm tradições coletivistas muito fortes) ou Coreia do Sul ou Singapura (ambos não marxistas com fortes tradições coletivistas). Até a minúscula Venezuela, depauperada e sitiada pelo Império, conseguiu sair-se melhor que EUA ou Reino Unido. Não só esses países saem-se muito melhor que muitos países mais ricos e supostos mais “livres”: saem-se melhor que todos esses que enfrentam sanções dos EUA. E, finalmente, para acrescentar insulto à injúria, esses países supostamente “maus” provaram-se muito mais generosos que os que se incorporaram ao Império: enviaram muitas toneladas de equipamento vitalmente necessário e centenas de cientistas especializados e até pessoal militar para ajudar os países mais necessitados (Itália, Espanha, Sérvia, etc.).

Eventualmente, até os EUA têm de aceitar ajuda da Rússia – o conteúdo de dois gigantescos AN-124 militares de transporte:


Imagem: Militares russos entregam socorro humanitário à “nação indispensável”


Que ironia! O país cuja economia ‘deveria’ estar “em frangalhos (Obama) entrega ajuda humanitária à “nação indispensável” (Obama, outra vez). Não apenas essa ajuda entregue vinha de país ‘sancionado’ pelos EUA: o equipamento entregue foi produzido por empresa russa também sob ‘sanções’ dos EUA. As muito “grata” empresas de mídia nos EUA imediatamente declararam que se trataria de ação de “Relações Públicas” do governo russo, sobretudo porque 50% da carga foi paga pelos EUA (o resto, inclusive custos de transporte, foi pago pela Rússia).

Afinal, começaram a surgir questões na Itália, sobre por que EUA, OTAN ou a UE fizeram absolutamente *nada* para ajudar os italianos quando precisavam desesperadamente de ajuda, e por que países que ajudaram generosamente (Rússia, China, Cuba) continuavam, todos, sob sanções – inclusive sob sanções impostas pela Itália! Ótimas perguntas. Foram respondidas pelo presidente Vucic da Sérvia, que disse que a solidariedade europeia não passa de “um conto de fadas”. Absolutamente certo, claro.

Terceiro, então todos vimos o lado feio de várias “democracias” ocidentais as quais, literalmente, roubaram, umas das outras, equipamento médico vitalmente necessário, e não só uma, mas várias vezes! De fato, sob lógica puramente capitalista, esse tipo de “competição” era inevitável (é verdade) e até mesmo desejável (é falso): as grandes empresas do setor Med&Pharma todas usaram esse vendaval financeiro para maximizar os próprios lucros (o que, afinal, é o que todas as empresas têm de fazer em sistema capitalista: conseguir o máximo de dinheiro possível para os próprios acionistas). Agora, até estados e países estão competindo uns contra outros por equipamento médico!

Enquanto tudo ficar por isso mesmo e o Ocidente continuar livre para saquear o resto do planeta, o capitalismo pode continuar a ser visto como promessa de futuro melhor (aliás, como também o comunismo). Mas agora que esse enorme “castelo de cartas da propaganda” está ruindo e o capitalismo mostra sua verdadeira cara (uma ideologia criada pelos ricos para ferrar os pobres), a comparação com sociedades coletivistas (supostas “atrasadas”), por mais que seja embaraçosa, é inevitável.

Quarto, também testemunhamos a sordidez nua e crua da máquina de propaganda pró-Império em artigos sobre como “a Rússia enviou à Itália material imprestável”, esse “equipamento chinês não funcionou” ou sobre como todos os países que responderam melhor e mais rapidamente estariam também mentindo sobre números reais (o que é absoluto nonsense, dado que chineses foram sempre muito claros e abertos, assim como os russos: a verdade é que nas fases iniciais de qualquer pandemia é impossível oferecer números exatos e corretos, o que só é possível fazer muito mais tarde). Os números publicados são tão falsos quanto as “incubadoras iraquianas”, “os sérvios genocidas” ou o “Viagra de Gaddafi” – e o tempo provará que são falsos.

Quinto, há também a questão da pobreza. Já se veem os primeiros sinais de que essa pandemia (como todas as pandemias) afeta muito mais duramente os pobres, que os ricos. Ninguém pode dizer que seja uma surpresa… Por exemplo, cidades dos EUA como New York, Chicago, Detroit, Miami ou New Orleans têm muitos bairros muito pobres, e aquelas pessoas estão sob ataque duríssimo da pandemia. Mas o que já se vê é só o começo, há favelas muito maiores em outros países, inclusive na América Latina e, talvez ainda piores que essas, na África. A menos que tenhamos alguma espécie de milagre, o número de mortes nas favelas do Terceiro Mundo será absolutamente horrendo. E vocês podem ter certeza de que países pobres, com tradição de coletivismo, sair-se-ão muito melhor do que outros, que vivam presos nas garras das ilusões sobre alguma economia de livre mercado. Mais uma vez, haverá importantes consequências políticas em todos esses países: prevejo que veremos alguns casos de mudança de regime num futuro não muito distante.

Sexto, exatamente como o próprio Império, OTAN e UE estão também em queda livre, ambas sem qualquer ideia quanto a o que fazer, e com medo pânico de tomar qualquer iniciativa. Como o Idiota-em-Chefe abanador de bandeirinha, também me dediquei a ouvir os dois, Macron e Merkel. Ambos estão em modo chilique total. Macron fala sem parar sobre uma “guerra”; e Merkel disse que a pandemia é o desafio mais grave que a Alemanha enfrenta desde a 2ª Guerra Mundial! Mesmo assim, o contraste mais interessante em relação aos EUA, pode bem ser a Rússia. Putin fez vários apelos especiais ao povo russo, e tinha ar ao mesmo tempo claramente decidido e claramente sombrio.

Extraí essa imagem da tela, na mais recente mensagem de Putin ao povo russo. Vejam vocês mesmos a expressão dele.

Quanto ao principal médico encarregado da crise do COVID-19 em Moscou, disse a Putin que a Rússia tem de se preparar para o que chamou de “cenário italiano, para conseguir evitá-lo”, mesmo que naquele momento (30 de março) houvesse apenas 1.836 casos confirmados de COVID-19 na Rússia, incluindo 9 mortos e 66 curados. Comparem-se os três países abaixo:

País Casos detectados de COVID Mortos Curados
EUA 161.807 2.978 5.644
Itália 101.739 11.591 14.620
Rússia 1.836 9 66
Todos esses números foram extraídos daqui (em 30 de março!!)


Além disso, as equipes médicas russas especiais das Tropas de Proteção Nuclear, Biológica e Químicas das FFAA da Rússia estão já em alerta total, e, mesmo não havendo falta de equipamento médico especial ABC/NBC na Rússia, as FFAA da Rússia estão construindo 16 hospitais especiais em vários pontos do país. A Rússia está fechando quase completamente o tráfego aéreo e ferroviário interno. Como se poderia prever, porque Moscou é a área mais rica de todo o território russo, Moscou está-se saindo muito bem, apesar da população imensa (cerca de 12 milhões na cidade, mais outros 7 milhões, aproximadamente, na Oblast de Moscou). Adiante, os números oficiais da Rússia, para a área de Moscou: (também em 30 de Março!!):

Local Infectados Mortos Curados % mortes
Cidade de Moscou 1.226 11 28 0,9%
Oblast de Moscou 119 1 14 0,85%
Números extraídos daqui


Não lhes parece muito estranho que um país como a Rússia, que claramente está-se saindo muito melhor que os EUA (até nos indicadores per capita) cuide de se preparar para o pior? O que saberão os russos, que os líderes dos EUA não estão contando a vocês?

Claro que a máquina de propaganda anti-Rússia tem explicação também para isso. Por exemplo, dizem que os russos estão mentindo sobre tudo. Há até uma ‘operação psicológica’ em andamento, com agentes ocidentais que se fazem passar por médicos russos, e ‘informam’ que haveria milhares de mortes ocultadas, que a Rússia não teria equipamento e que os russos estariam completamente sem saber o que fazer. Um analista, antes até bem equilibrado, chega a dizer hoje que “Putin está(ria) perdendo o controle”.

Para ser bem sincero, jamais, em toda a minha vida, tinha visto tal tsunami de nonsense, informação forjada, boatos sem qualquer fundamento e, por último, mas com certeza não menos importante, tantas ‘iscas’ tão desavergonhadas, para atrair cliques e visitas em páginas de internet. Para alguns, essa crise é claramente uma oportunidade para reconquistar a visibilidade perdida. É uma vergonha, total desgraça: apenas mais uma via para lucrar na crise.

Absolutamente não sou especialista em medicina. Mas conheço o governo russo e, se preferirem, sua “linguagem corporal”, e sei ver que os russos estão-se preparando muito, muito seriamente, para o que pode vir a ser enorme crise mesmo para a Rússia (e Ucrânia e Belarus, mergulhados na mais profunda negação do mundo real, obviamente não ajuda!).

Sete, nos EUA, o contraste entre o governo federal e autoridades dos estados é realmente espantoso. Enquanto o governo federal mostra-se disfuncional em fase terminal, vários governadores tiveram de fazer malabarismos muitos para conseguir material e especialistas. Por exemplo, o governador da Florida, Ron DeSantis (R) precisou telefonar a um amigo em Israel, para conseguir que a gigante israelense de produtos farmacêuticos Teva Pharmaceuticals lhe enviasse equipamento médico do qual a Florida precisava desesperadamente. Coisas semelhantes acontecem, creio, também em outros estados. Essa é uma das razões pelas quais os estadunidenses de modo geral sempre desconfiam muito do governo federal, e tendem a apoiar as autoridades locais (isso, claro, de modo geral, e há exceções). Há muitas razões para o contraste entre autoridades federais e estaduais, dentre as quais o fato de que governadores estão mais “próximos” dos eleitores em nível local, do que em nível nacional.

Embora não tão dramático quanto o contraste que se observa entre sociedades baseadas na pura ganância e sociedades baseadas na solidariedade, o contraste entre nível local e nacional também contribuirá para o colapso do sistema imperial, embora mais indiretamente.

Conclusão: NOM, globalismo e a ‘liderança’ dos EUA, RIP

A primeira vítima (não humana) dessa pandemia será a chamada “Nova Ordem Mundial” prometida por vários presidentes dos EUA. O mesmo vale para a ideologia globalista subjacente àquela NOM. Se o suposto “governo mundial dos Illuminati” imaginado por alguns realmente disparou essa pandemia, deu um tiro no próprio pé e agora se esvai em sangue.

Os EUA mostram hoje ao mundo que a chamada “liderança dos EUA” não passa de mentira nua e crua para esconder o que eu descreveria como o governo de um, único, narcisista hegemon mundial que ferrará um a um até os mais próximos “aliados” (na realidade, são colônias) para arrancar alguma vantagem.

Nesse momento o que mais se vê são sinais de alerta, como, digamos, membros da UE que fecham as fronteiras uns aos outros. Mas, independentemente de como progrida a pandemia, o que acontecerá na sequência é uma crise econômica monstro, comparada à qual a Grande Depressão, o crash depois do 11/9 e 2008 parecerão coisa pouca.

Claro, o mundo, mais cedo ou mais tarde, se recuperará dessa pandemia e do colapso econômico. Mas o tipo de mundo que veremos então será dramaticamente diferente do mundo no qual vivemos até agora.

Por enquanto, ainda se veem manifestações observáveis da tal “liderança estadunidense”: EUA tentando roubar medicamentos e equipamento médico, de outros países; EUA que impõe sanções contra países como Irã e Venezuela que desesperadamente carecem de medicamentos, e EUA recriam o cenário Noriega, agora com Maduro. Essa política exterior da “liderança estadunidense” pode ser descrita com adjetivos como má, imoral, hipócrita, disfuncional, narcisista, etc. Seja qual for o rótulo que se escolha, é sempre política moralmente repugnante e que, na prática, se autoderrota.

Nesse momento, depois de culpar a China, Trump põe-se a acusar a Organização Mundial da Saúde. Na verdade, que alma nobre e brilhante jogador de xadrez 5D…

Não há mais o que esconder. A pandemia SARS-COV-2 conseguiu o que RT ou PressTV não conseguiram: apontar um potente holofote para a verdadeira natureza do Império Anglo-sionista.

Como ensina o Corão, Deus é o melhor dos planejadores.

[assina]

 The Saker

ATUALIZAÇÃO: Errei, admito. O governo dos EUA não pensa só nele mesmo. Os EUA PODEM ser muito generosos, mas só num determinado caso, muito especial. De fato, parece que os EUA despacharam UM MILHÃO DE MÁSCARAS para… Israel, claro!  Vejam com seus próprios olhos!

Afinal… faz sentido. Israel é muito, muito mais importante para Trump e sua gang, que os socorristas de emergência, os médicos e todo o povo dos EUA.*******


[1] Nova Ordem Mundial (ing. New World Order, NWO).

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