Por Larry Johnson em 5 de março de 2023
À medida que a “Operação Militar Especial” russa avança na Ucrânia, a Rússia e a China uniram forças para confrontar o legado do imperialismo ocidental na África e na Ásia. A guerra na Ucrânia pode ter começado como uma tentativa da Rússia de proteger sua fronteira contra a invasão da OTAN na Ucrânia, mas agora se intensificou e se expandiu em uma política deliberada, liderada pela Rússia e pela China, para estabelecer um novo mundo multipolar que não está em dívida com os ditames de Washington, Londres e Paris. Isso envolve mais do que apenas buscar laços diplomáticos mais fortes com o chamado Terceiro Mundo, também inclui a criação de sistemas financeiros alternativos que permitirão o livre comércio sem ter de se preocupar com americanos loucos por sanções.
O presidente francês, Macron, acabou de completar um giro pelas ex-colônias africanas e não conseguiu reforçar a posição da França como um poder relevante por trás da cortina. Mas a imprensa ocidental detesta relatar a verdadeira profundidade da crescente fissura entre a França e suas ex-colônias. Dê uma olhada no que aconteceu durante a visita de Macron ao Congo.
Aqui está um trecho da cobertura da Reuters sobre a visita de Macron:
O presidente francês manteve conversas no sábado com o presidente Felix Tshisekedi na capital da República Democrática do Congo (RDC), que na semana passada viu vários protestos em pequena escala — sinais de crescente sentimento antifrancês em partes da África francófona.
Esta é a 18ª visita de Macron à África como presidente e segue uma recente série de viagens à África por autoridades de alto nível dos EUA, Rússia e China em busca de laços mais estreitos.
A França sofreu um recente colapso nas relações com algumas ex-colônias na África Ocidental e suas primeiras visitas à RDC, Gabão, Angola e República do Congo na semana passada refletem o desejo de Macron de virar a página.
Tshisekedi saudou a nova abordagem e disse que a França precisa ouvir o que o povo africano quer se espera competir com os outros parceiros do continente.
“Francafrique é uma coisa do passado”, disse ele, referindo-se aos elos obscuros que às vezes viam Paris priorizar o ganho comercial e o apoio a regimes autocráticos em ex-colônias.
No entanto, os sinais de tensão surgiram mais tarde na conferência de imprensa, quando Macron parecia sugerir que a insegurança na RDC desde 1994 era principalmente culpa sua.
Se você ler apenas o relato da Reuters, provavelmente concluirá que a visita de Macron foi um sucesso, apesar de algumas “tensões”.
Então eu vi o vídeo seguinte. O presidente do Congo, Félix Tshisekedi, teve o que diplomatas chamam de “troca franca de pontos de vista” com o presidente francês, Macron. No jargão da rua, isso é conhecido como “levar uma puta bofetada na cara”. Preste muita atenção à linguagem corporal de Macron. Ele não está acostumado a ser endereçado dessa maneira por algum “ser inferior africano”:
Macron estava tentando contrariar o sucesso que os diplomatas russos e chineses desfrutaram durante suas recentes visitas e, por suas palavras e conduta, reforçou a crença de muitos líderes africanos de que a França e o Ocidente ainda os veem como um bando de selvagens negros que precisam de um cuidador iluminado.
Acho que estamos testemunhando o início do fim do sucesso ocidental em sua capacidade de violar os recursos de nações empobrecidas como a República Democrática do Congo. O que acham?
Fonte: https://sonar21.com/more-fallout-from-the-war-in-ukriane-putting-french-imperialism-in-its-place/
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