Manlio Dinucci — O Eixo de Guerra para o Sul, em Nápoles

Anunciado pela Ministra Pinotti, no encontro com o Chefe do Pentágono, em 11 de Julho, em Washington.

Manlio Dinucci

 

Quem disse que escasseiam os investimentos no Sul? A Ministra Pinotti anunciou a realização de uma grande obra, em Nápoles: O Eixo para o Sul. Após o encontro com o Chefe do Pentágono, James Mattis, na terça-feira em Washington, declarou: “Estamos satisfeitos por ter sido concedido o nosso pedido de transformar o Comando NATO, em Nápoles, no Eixo para o Sul “.

O comando que ela menciona, é o JFC de Nápoles, o Comando da Força conjunta aliada, com o quartel general, em Lago Patria (Nápoles), sob as ordens da Almirante americana, Michelle Howard que, além de ser a Chefe do Comando NATO, é a Comandante das Forças Navais dos EUA para a Europa e para África.

Os três comandos de Nápoles, sempre às ordens de uma almirante norte-americana designada pelo Pentágono, tem uma “área de responsabilidade” que engloba a Europa, toda a Rússia, o Mediterrâneo e a África. A guerra contra a Líbia em 2011, com a contribuição decisiva italiana, foi dirigida pela NATO através do JFC de Nápoles. As operações militares dentro da Síria também foram conduzidas a partir de Nápoles. 

Esta é a causa principal do êxodo dramático dos refugiados e da “crise de imigrantes, que a Itália está a viver quase isoladamente“, como definiu em Washington a Ministra Pinotti, como se fosse uma maldição caída do céu.

O novo Eixo para o Sul, também incluído na cadeia de comando do Pentágono, constituirá a base operacional para o lançamento de forças terrestres, aéreas e marítimas. As forças e as armas necessárias serão fornecidas a toda a rede de bases dos EUA/NATO, na Itália, em particular, em Aviano, Campo Darby, Gaeta, Sigonella, Augusta, enquanto a Estação MUOS, em Niscemi e outras, irão lidar com as comunicações. Para estas operações, que a NATO chama de “projecção de estabilidade para além das nossas fronteiras”, está disponível a Força de resposta da NATO, acrescida de 40.000 homens e, em particular pela sua Força de elite, que pode ser lançada em 48 horas, “em todos os lugares e a qualquer momento.”

James Mattis agradeceu à Itália, quer a sua “hospitalidade para com os 30.000 militares americanos, funcionários civis e familiares”, quer a sua cooperação importante de fazer face às “ameaças de segurança no Mediterrâneo, no Médio Oriente e em África.”  A Ministra Pinotti propôs, entre outras coisas, a possibilidade de prolongar as tarefas dos 1.400 soldados italianos no Iraque, que ainda se encontram  em funções de treino, em Raqqa.

Sobre o Eixo para Sul, a Ministra anunciou com satisfação, que na “última reunião ministerial da NATO, já se identificaram os recursos para a sua realização.” No entanto, não quantificou os mesmos. Todavia, podem estimar-se em biliões de euros, com uma parcela significativa a cargo da Itália. Só a construção do novo quartel general do JFC, em Nápoles, inaugurado em 2012, em Lago Patria (85.000 metros quadrados cobertos expansíveis, no qual trabalham 2.500 militares), custou cerca de 200 milhões de euros. Tudo feito com dinheiro público, ao qual se irá adicionar, as despesas sempre a crescer da NATO para a ‘Defesa’ (a  parcela italiana está estimada em cerca de 70 milhões de euros por dia).

No JFC de Nápoles, anuncia Pinotti, está a instalar-se pessoal qualificado, pois que, ao tornar-se o Eixo para o Sul, o comando deve assumir, igualmente, ter capacidade para “reconstruir Estados falidos”. Trabalho realizado em ciclo contínuo: depois de ter transformado a Líbia num “Estado falido”, demolindo-o com a guerra, agora o mesmo comando vai “reconstruí-lo”.

(il manifesto, 13 de Julho de 2017) 

Tradutora: Maria Luísa de Vasconcellos

 

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