Quantum Bird – 20 de maio de 2023
- Durante este fim de semana acontece a reunião do G7 em Hiroshima. Sim, naquela cidade onde os EUA testaram em seres humanos vivos sua primeira bomba atômica em 6 de agosto de 1945. Lula vai participar, como convidado especial. A analogia de MK Bhadrakumar de Modi com menestréis se aplica ainda melhor aqui. Enfim, o lider do regime nazista ucraniano, V. Zelenski, também vai participar. Maravilha não é? Brasil, membro fundador dos BRICS, propositor e articulador do G20 – assim como a India, diga-se de passagem – participando de uma reunião do G7 para conspirar contra a Russia e China. Ah, essas elites e classes médias colonizadas…
- Preparem-se para a tão esperada foto de Lula ao lado de Zelesnski, em Hiroshima, com o presidente dos EUA ao fundo. Pacote completo.
- O Sudão – onde uma guerra civil toma impulso – Peru, Equador e Paquistão parecem não existir nos mapas nas paredes do Itamaraty. Esses são alguns lugares do Sul Global onde a paz, a segurança e a estabilidade estão sendo erodidas por iniciativas fomentadas pelos EUA e seus vassalos. Considerando as palavras do presidente Lula, por exemplo, em sua entrevista na CGTN, o que justifica a inação da diplomacia brasileira a respeito? Pergunto isto considerando o entusiasmo tupiniquim com o conflito na antiga Ucrânia…
https://www.brasildefato.com.br/2023/05/21/lula-encerra-participacao-no-g7-e-contesta-poder-geopolitico-de-paises-ricos
presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) finalizou a sua participação na cúpula dos líderes do G7 com uma postura considerada de contestação e crítica ao poder dos países mais industrializados do mundo, que integram o grupo. No encerramento, Lula criticou o modo como as potências lidam com as crises geopolíticas e afirmou que é “preciso romper com a lógica de alianças excludentes e de falsos conflitos entre civilizações”.
“A multipolaridade que o Brasil almeja é baseada na primazia do direito internacional e na promoção do multilateralismo. Reeditar a Guerra Fria seria uma insensatez. Dividir o mundo entre Leste e Oeste ou Norte e Sul seria tão anacrônico quanto inócuo. É preciso romper com a lógica de alianças excludentes e de falsos conflitos entre civilizações”, declarou o presidente em seu último discurso na cúpula.
O encontro ocorreu em Hiroshima, no Japão, e teve início última sexta-feira (19). Participaram líderes e representantes do G7, composto por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido.
“O mundo já não é o mesmo. Guerras nos moldes tradicionais continuam eclodindo, e vemos retrocessos preocupantes no regime de não-proliferação nuclear, que necessariamente terá que incluir a dimensão do desarmamento. As armas nucleares não são fonte de segurança, mas instrumento de extermínio em massa que nega nossa humanidade e ameaça a continuidade da vida na Terra”, disse.
Ao falar da Ucrânia, Lula declarou que “nenhuma solução será duradoura se não for baseada no diálogo” e que é necessário “trabalhar para criar o espaço para negociações”.
Lula “questionou a legitimidade dos países do G7 de se colocarem como líderes do mundo” e criticou a criação de “alianças excludentes e de falsos conflitos entre civilizações”, que por sua vez dificultam a criação de alianças necessária para resolver os problemas globais como às crises ambientais, a segurança alimentar, as pandemias e a paz.
“Lula falou o que tinha de falar de forma explicita, nas entrelinhas e nos gestos não verbais. Ficou a impressão, porém, que os líderes do G7 fizeram ouvidos moucos enquanto a opinião púbica nos países do G7 é chamada a se indignar com uma suposta indisposição do Lula de se encontrar com Zelensky. Todos os mandatários do G7 gostam de Lula, reconhecem sua liderança e carisma, gostam de estar na foto com o presidente, mas esperam que ele se limite à agenda que interessa também a eles”, conclui Schutte.
Ao contrário do que foi inicialmente comunicado, Lula não se encontrou com o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, para uma conversa bilateral durante a cúpula por desencontro de agendas, conforme foi informado.
Diferente de outros países ocidentais, o Brasil não concordou com a imposição de sanções financeiras à Rússia e tenta, nesse sentido, se colocar como um ponto de mediação entre os dois países, assim como a China.