Andrei Raevsky em 15 de dezembro de 2022
Queridos amigos
Nasci na Suíça, indiscutivelmente o coração da Europa, e como europeu de nascimento, se não pela cultura, penso que devo abordar a questão da responsabilidade do europeu comum pelo que se passa tanto na Ucrânia como na Sérvia.
Eu não acredito em culpa coletiva, então a resposta curta é “não”.
Mas eu acredito em consequências e acredito na justiça de Deus (e no amor, é claro!). Em outras palavras, eu não acho que você pode cometer más ações e sair impune: mais cedo ou mais tarde você terá que pagar, especialmente se você nao se arrepender de suas más ações.
Além disso, compreendo que a UE é uma colônia/protetorado dos EUA, mas grande parte do mundo também era.
Por que razão pode haver uma verdadeira resistência ao Império na América Latina ou em África e nenhuma na UE? Cuba deveria começar a enviar soldados, médicos e engenheiros para a UE (brincadeirinha!)?
[Quando criança, lembro-me de todos os vários movimentos de protesto e resistência que tivemos na Europa, que variavam desde os ecologistas anti-nucleares (majoriatariamente) pacíficos, aos sindicatos em greve, passando pela RAF na Alemanha, pelo IRA em Ulster, ETA na Espanha e até mesmo os vários curdos, armênios, palestinos e outros grupos étnicos envolvidos em diversos graus de resistência violenta contra o Estado. Mesmo na pequena Suíça, tivemos os autonomistas Jura com alguns métodos de resistência criativa! Isso não quer dizer que eu aprove tudo isto, apenas que me recordo de uma época em que existia uma verdadeira resistência na Europa. Os europeus modernos são capazes de resistir significativamente a qualquer coisa hoje em dia? Eu duvido muito disso]
Penso que podemos afirmar com segurança que a UE é a colônia mais dócil, covarde e leal ao Império. Por quê? Provavelmente porque todas as outras colônias *sabiam* que seu status colonial nunca mudaria sob o domínio anglo-sionista, enquanto os europeus esperavam de alguma forma “elevar-se” sendo os “poodles” do tio Shmuel. E, afinal, o Imperialismo nasceu na Europa (as Cruzadas) e não no Novo Mundo.
Você pensaria que até mesmo o político mais burro da UE perceberia que as sanções anti-russas quase exclusivamente prejudicam a Europa. Contudo, o que vemos? Eles AINDA estão nisso e AINDA estão dobrando, confira este título: “A UE está pronta para congelar ativos da matriz da sociedade mediática RT“. Por favor, leia, você verá que esta é uma repressão direta e absolutamente sem desculpas à liberdade de expressão. E, embora os europeus acostumados ao pensamento paradoxal e politicamente corretos adorem (sub)verter Voltaire e proclamar orgulhosamente que eles também “não concordam com o que você diz, mas defenderei até a morte seu direito de dizê-lo”, mas na verdade eles absolutamente não se importam.
Isto não é novidade.
Quando o anglo-sionista lançou uma guerra de agressão TOTALMENTE ILEGAL contra a nação sérvia e um país, a Iugoslávia, que era um membro fundador do movimento não-alinhado, os orgulhosos europeus fizeram isso (veja a imagem).
Na melhor das hipóteses!
Muitos participaram ativamente do martírio da nação sérvia. De novo. Da mesma forma que os europeus traíram os sérvios durante a Segunda Guerra Mundial. E agora continuam a fazê-lo (ver ameaças da UE contra o Kosovo).
E, não se enganem, todos esses anos o terrorismo do ELK (NT: Exército de Libertação do Kosovo) no Kosovo tem sido totalmente apoiado e até mesmo ajudado pela KFOR (NT: Força do Kosovo, liderada pela OTAN) e pela EULEX (essa última entidade modestamente chamada de “Missão da União Europeia para o Estado de Direito no Kosovo” (grifo nosso).
E, agora novamente, tudo o que ouvimos do Velho Continente é um silêncio ensurdecedor. Ou isso, ou ameaças.
Há muito esquecida é a sábia advertência de Yehuda Bauer:
Tu não serás uma vítima.
Tu não serás um perpetrador.
E acima de tudo,
tu não serás um espectador.
Ao fazer da UE o cúmplice da agressão dos EUA à Sérvia, os EUA garantiram basicamente a lealdade da Europa para sempre, uma vez que agora não estão apenas vinculados por laços culturais ou coloniais, mas também são cúmplices da violação da Sérvia, do Magrebe e do Maxerreque, do Afeganistão e de todos os outros países que sofrem (eram) sob o jugo da Hegemonia.
O ataque anglo-sionista à Iugoslávia foi o Kristallnacht do direito internacional, foi o evento do qual todos os horrores que vemos hoje surgiram. E, no entanto, longe de compreender (e nem pensar em admitir!) o crime de agressão (o pior crime no direito internacional, acima mesmo de genocídio ou crimes contra a humanidade!) e mostrar algum remorso, os líderes europeus mantiveram o curso, enquanto as pessoas “comuns” da Europa simplesmente ignoraram tudo como os bons poodles que se tornaram.
E, por favor, não me venha com o argumento de que “enfrentamos um inimigo muito forte” ou “não poderíamos fazer nada”. No mínimo, cada europeu poderia seguir o apelo de Solzhenitsyn e “não viver pela mentira”. Mas eles não podiam nem fazer isso. Mil anos de propaganda anti-cristã e heresia resultou em uma sociedade que nem sequer acredita na própria noção de “verdade”. Não é de admirar que eles não consigam parar de mentir mais…
Eu acho que é uma máxima que, se você não tiver respeito próprio, também não receberá nenhum respeito dos outros. Penso também que é justo dizer que a UE se tornou a sociedade mais desprezada do planeta. E não é apenas Putin que chama a UE de “capacho dos EUA” – a mesma opinião é mantida em grande parte da Zona B.
Eis, penso eu, a resposta correcta à pergunta que fiz acima: os europeus merecem o que lhes está por vir a seguir? Considerando que o que está chegando a eles a seguir é inteiramente auto-infligido, acho que essa resposta irrefutável é um retumbante “SIM!”.
Se não, então de quem é a culpa? Rússia? Estados Unidos? Putin? “Dos Judeus”? Imigração? Muçulmanos?
Falando nos EUA – pelo menos os norte-americanos votaram em Trump (duas vezes). O fato de que isso não fez (quase) diferença é irrelevante, pelo menos o povo dos EUA tentou resistir! Na verdade, mesmo sob a atual repressão contra a dissidência, ainda acho que há uma proporção muito maior de norte-americanos capazes e dispostos a resistir do que os europeus.
E hoje quero fazer algo que nunca fiz antes. Vou repostar mais uma vez algo que já postei uma vez: a entrevista do coronel Douglas Macgregor pelo Dr. Michael Vlahos. Eu julgo que esta conversa é tão importante que merece uma segunda postagem. Antes de deixá-los com esses dois homens, quero apenas acrescentar o seguinte:
Estes dois homens são da geração que eu tive como professores durante meus anos em faculdades dos EUA (1986-1991) e por quem ainda tenho o maior respeito. Isso não significa que concordo necessariamente com tudo o que eles fizeram, disseram ou escreveram, de forma alguma. Mas posso respeitar tais homens, não apenas por seu formidável intelecto, mas também por serem homens de honra e verdade, e patriotas reais (em oposição a flagwaving – NT: do inglês, bandeiras ao vento, significando técnica de propaganda manipulativa de massas sem lógica ou coerência de argumentos) de seu país.
Esta é a geração de homens como David Glantz ou Lester W. Grau – oficiais dos EUA que realmente estudaram, cuidadosamente, a doutrina militar soviética (autores como Reznichenko, Gareev ou Ogarkov) e que, através de seus estudos, não chegaram a odiar a Rússia ou os russos, mas os viram como colegas profissionais e patriotas. Tendo tido o privilégio de passar algum tempo com as pessoas que ensinavam na Academia Militar Frunze (até acabei por ser co-autor de um pequeno livro com um deles), posso atestar que os principais estrategistas russos também tinham muito respeito pelos seus colegas americanos.
O contraste com as aberrações Neocon “do porão” não poderia ser maior.
Eu sinceramente acho que na conversa a seguir cada tópico e cada frase é importante porque mostra o que essa geração de americanos competentes e honrados pensa da(s) (muitas) abominação(ões) que estamos testemunhando hoje. Posso dizer sinceramente que desejo a eles, e à sua causa, pleno sucesso.
No que me diz respeito, temos o mesmo inimigo.
Que seu exemplo de resistência (porque isso é *exatamente* o que é) inspire mais (já existem alguns) europeus a seguir seu exemplo.
Andrei
Finalmente, e no espírito do meu post de hoje, deixo um excelente videoclipe da França: “Indignez-vous” de HK et les Saltimbanks (veja a letra traduzida abaixo).
Quem sabe, talvez este vídeo vai acordar mais alguns europeus?
Tradução automática da letra:
INDIGNEM-SE
Levantei-me uma manhã, dia negro de existência
Eu levantei minha voz e meu punho, quando a regra era o silêncio
Eu os vi embarcando em trens, saindo em uma enorme névoa
Eu não podia ser cúmplice nem testemunha, eu entrei na resistência
Uma voz pavimentada de esperança, povoada por mulheres e homens de pé
Uma escolha como uma escolha óbvia, entre a forca e o nó de forca
Voltei de tão longe, dou graças à minha estrela
A morte me esqueceu no caminho, em Dora e Buchenwald
93 anos de idade posso acreditar, que meu fim não está muito distante
93 anos de idade, aqui está minha memória, tome o maior cuidado com ela
Indignação obstinadamente, em um mundo em atenção
Seja daqueles que caminham contra o vento, meus amigos, fique indignado
Fique indignado!
Fique indignado!
É um homem velho falando com você
Brandindo sua estrela, você ouve?
Você acha que hoje nos faltam os motivos para a revolta?
Quando nossas próprias vidas estão em crédito, sob a ditadura dos bancos
O dinheiro comanda os acionistas, que, por sua vez, comandam o presidente
Quem ordena que as pessoas comuns executem bem
Toda aquela comida não vendida, jogue-a no lixo
E em cima da pilha de lixo, despeje-me 10 litros de lixívia
Este é o mundo em que vivemos, absurdo, cruel e impiedoso.
Até que essa maldita linha de pobreza passe por nossa porta
Direitos humanos em pousio, vendidos em porções individuais
Quando a crise alimentar se prolonga para sempre
Mas milagres quando bilhões são encontrados em um segundo
Para salvar o rei do dólar e todos os banqueiros deste mundo
Indignado!
Indignado!
É um homem velho falando com você
Abanando sua estrela, você ouve?
Indignado!
Indignado!
É um homem velho falando com você
Abanando sua estrela, você ouve?
Nossas correntes são menos visíveis do que nos dias escuros da escravidão
Mas nossas mentes estão direcionadas, o que eles fizeram com nosso patrimônio
Excesso de competição, amnésia generalizada
Produtos de consumo em massa para um jovem anestesiado
Já é hora, meus amigos, de finalmente reavivar as estrelas
que guiaram este velho que fala com você toda sua vida
Sim, eu era esse armênio, eu ainda sou esse judeu alemão.
Eu sou o povo palestino, a justiça é meu único campo
Ser cidadãos sem fronteiras, desses povos que se levantam
Contaminar a terra inteira com suas revoltas e seus sonhos
A indignação é seu direito, e em memória de todos aqueles
Quem ainda está morrendo para não tê-lo, este direito é na verdade um dever
Fique indignado!
Fique indignado!
É um homem velho falando com você
Abanando sua estrela, você ouve?
Indignado!
Indignado!
É um homem velho falando com você
Segurando a estrela dele, você está ouvindo?
Você se ressente!
Indignado!
É um homem velho falando com você
Segurando a estrela dele, você está ouvindo?
Indignado!
Indignado!
É um homem velho, um grande homem
Conversando com você, falando com você
Fonte: https://thesaker.is/do-the-europeans-deserve-what-is-coming-to-them-next/
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