27/5/2019, Nuevo Curso (Espanha), Editorial
Manchetes do dia em toda a Europa continental destacam “quatro fatos significativos” que abrem as portas a novos equilíbrios imperialistas no continente. Não implica que serão atravessadas todas as portas agora abertas, mas… E se, talvez, pelo menos dessa vez, algum resultado eleitoral de eleições europeias nos diz algo sobre o futuro do continente?
Sobre resultados das eleições europeias
1 FRANÇA – Marine LePen supera Macron por um fio de cabelo. E Salvini sai consagrado, o que põe o Movimento 5S no papel de figurante, e põe “A Liga” no trono de primeiro partido no Norte e no Sul
2 ALEMANHA – Os Verdes ficam em 2º lugar na Alemanha e em 3º na França, empurrados pela pressão midiática da “Cruzada das crianças” [pelo voto aos 16 anos] organizada pelo próprio Estado. O Partido Social-democrata da Alemanha (al. Sozialdemokratische Partei Deutschlands, SPD) sai enfraquecido, tornando inviável a “grande coalizão” nos termos em que existe hoje e confirmando a estratégia franco-alemã de fazer da ‘ecologia’ a bandeira ideológica do imperialismo europeu.
3 GRÃ-BRETANHA – O “Partido do Brexit” de Farage vence as eleições europeias na Grã-Bretanha, o que dá a liderança a um partido conservador sem rumo e dividido em dois pela alternativa de orientação imperialista que havia por baixo do Brexit. Em outras palavras: a facção pró EUA e anti-União Europeia da burguesia britânica sai reforçada com a vitória de Farage – que recebeu quase três vezes os votos dados aos Tories –, o que mostra que nem o partido conservador nem o partido trabalhista sairão incólumes dessa eleição, porque Farage pode capitalizar a revolta pequeno-burguesa e usá-la como aríete contra todo o aparelho político.
4 GRÉCIA – Syriza perdeu eleições na Grécia, e Tsipras convocou eleições imediatas gerando pequeno terremoto político.
5 – EM TODA A EUROPA, a expressão esquerdista da revolta pequeno-burguesa pan-europeia – da “França Insubmissa” de Mélenchon ao Podemos na Espanha –, está esgotada.
O que importa
Capa de Spiegel – OS ‘LIMPADORES’ DA EUROPA
OU: Onde se vê q o repentino surto planetário de “mãos limpas”, “fichas limpas” e “lava-jatos” jamais passou de projeto de golpe gerador de golpismos gerados, inflados e propagandeados PELAS INSTITUIÇÕES DA BURGUESIA (dos Parlamento aos STFs e instituições multinacionais do ocidente) repercutidos pelas empresas de mídia no âmbito dos idiomas nacionais [NTs]
___________________________________________
EM TERMOS GERAIS, os resultados mostram que a burguesia europeia continua em luta com suas próprias fraturas internas – bem aguçadas pelos EUA –, com a renovação do próprio aparelho político e sob a pressão de uma pequena burguesia em revolta.
Essa revolta parece que, finalmente, esqueceu as veleidades esquerdistas (Podemos, Melenchon, Tsipras…) e tomou o caminho de um nacionalismo populista (Farage), ou autoritário (Orban, LePen) e até “socializante”, natradição fascista – esquerdismo e revolucionarismo pequeno-burguês – com Salvini.
Mas há algo mais, notícia que parece naufragada sob a obsessão com números eleitorais: a empresa Fiat proporá uma fusão com a Renault que competiria mano a mano, que gerará empresa capaz de concorrer contra as fábricas alemãs e de superar a General Motors… à custa, sem dúvida, de um rompimento com a Nissan e que seguramente levará de roldão também a Mitsubishi.
– Afinal se pode compreender a epopeia e perseguição contra Carlos Ghosn, presidente-estrela da Nissan e arquiteto por trás das coxias dessa jogada pelo lado dos franceses.
Quer dizer: há movimentos e tendências no capital, não só na Itália, mas também, e muito mais importante, na França. Aí, o capital, frustrado pela atitude do imperialismo alemão e alertado pelas pressões da China, aposta e pressiona na direção de construir um novo eixo europeu Paris-Roma que separaria a Europa mediterrânea, de Berlim – e teria vias para mobilizar-se no Mediterrâneo e na América do Sul.
Essas forças saem reforçadas depois da “grande noite” de LePen… embora não apostem necessariamente nesse nome.
Mapa dos Resultados Eleitorais nas Eleições Europeias (Blocos)
Avançam blocos internos pró-UE?
Abre-se uma porta. De fato, abrem-se várias: para a Grã-Bretanha, Brexit custe o que custar e associação “mais estreita” com EUA; consolidação do ‘ecologismo’ como bandeira imperial europeia e nova social-democracia “para exportação”; afirmação de um novo eixo imperialista intraeuropeu Paris-Roma… Nem todas essas portas serão atravessadas, e nenhuma delas será atravessada com segurança, de modo limpo e claro.
Detalhe a destacar é que a revolta pequeno-burguesa europeia, que há apenas dois anos mantinha em xeque todo o aparelho institucional europeu (do Brexit à independência da Escócia e da Catalunha) já está plenamente integrada nas batalhas e nas frentes internas da burguesia de cada país. Essa ‘integração’ acontece sempre, em grupos que não têm alternativas históricas e que se converteram em forças subalternas, nada além de peões barulhentos, num jogo maior, do qual esses grupos continuam excluídos.
Resumido em tuítos
Salvini vence e arrasta LePen (q derrotou Macron), sugerindo novo eixo imperialista europeu mediterrâneo erguido sobre a fusão Renault-Fiat
Queda do ‘PSDB-Al.’ e avanço ds Verdes (Al.e Fr.) consolidam “Voto Jovem” e põem o ecologismo como principal bandeira do imperialismo europeu
Os próEUA + antiUE da burguesia britânica saem +fortes c/vitória de Farage: nem Conservadores nem Trabalhistas saem incólumes, se ficarem à margem
A expressão esquerdista da revolta pequenoburguesa paneuropeia (de Tsipras a Mélenchon e Podemos) está esgotada.
Proposta fusão Renault-Fiat mostra q o capital já constrói novas vias para si, ñ só na Itália mas (e +importantes) na França, depois de frustrado pela ‘solução’ social-democrata alemã – e vai à luta.
Abrem-se portas para a Grã-Bretanha (Brexit a qualquer custo e bloco com EUA) com consolidação do ecologismo para exportação e novo eixo intraeuropeu Paris-Roma
Expressões da pequena burguesia, q há só 2 anos desconjuntavam a Europa, já estão convertidas em forças subalternas – peões barulhentos, num jogo maior, do qual continuam excluídas.
*******
Be First to Comment