“Putin vai usar o Mundial 2018, como Hitler usou os Jogos Olímpicos de 1936, isto é, para encobrir o regime brutal e corrupto de que é responsável”: esta declaração oficial do Ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, Boris Johnson, mostra a que nível chegou a campanha de propaganda contra a Rússia.
Num desenho animado, no jornal britânico The Guardian, copiado de um manifesto nazi dos anos 40, a Rússia é representada como uma aranha gigante, com a cabeça de Putin, que se apodera do mundo.
A Rússia é acusada de ter envenenado, em Inglaterra, um antigo funcionário seu, preso por espionagem há 12 anos e libertado há 8 anos (portanto, já não está na posse de informações confidenciais), usando para envenenar, ele e a filha, o agente neurotóxico Novichok, de fabrico soviético (de modo a deixar, deliberadamente, a pegada de Moscovo na cena do crime).
A Rússia é acusada de penetrar com habilidade excepcional nas redes informáticas, até mesmo de ter manipulado as eleições presidenciais nos Estados Unidos (“um acto de guerra”, como definiu John Bolton, o novo Conselheiro para a Segurança Nacional).
É acusada agora, oficialmente, pelo Departamento de Segurança Interna e pelo FBI, de preparar-se para sabotar com os seus piratas informáticos, centrais de energia eléctrica e nuclear, depósitos urbanos de abastecimento de água e aeroportos, nos EUA e na Europa, a fim de paralisar países inteiros. Deste modo, cria-se a imagem de um inimigo cada vez mais agressivo, do qual é necessário defender-se.
Numa conferência de imprensa conjunta comJohnson, o Secretário Geral da NATO, Stoltenberg, acusa a Rússia de “primeiro, usar um agente neurotóxico no território da Aliança”, ou seja, um verdadeiro acto de guerra; segundo, de “minar as nossas instituições democráticas”, isto é, de efectuar acções subversivas nas democracias ocidentais; de “Violar a integridade territorial da Ucrânia”, ou seja, ter começado a invasão da Europa.
Perante o “comportamento irresponsável da Rússia”, anuncia Stoltenberg, “a NATO está a responder”. Desta maneira, prepara a opinião pública para um novo reforço da máquina de guerra da Aliança, sob o comando USA, incluindo a instalação das novas bombas nucleares B61-12 e, provavelmente, também de novos mísseis nucleares americanos, na Europa.
O principal objectivo da Estratégia Nacional de Defesa dos EUA, anuncia o Pentágono, é “melhorar a prontidão e a letalidade das forças USA, na Europa”. Para este fim, são destinados 6,5 biliões de dólares no ano fiscal de 2019, elevando o total do quinquénio de 2015-2019, para 16,5 biliões de dólares. Esta atribuição é apenas uma parte da totalidade atribuída à operação Atlantic Resolve, lançada em 2014, para “demonstrar o empenho USA com a segurança dos aliados europeus”. Compromisso demonstrado pela transferência contínua de forças terrestres, aéreas e navais dos Estados Unidos para a Europa Oriental, onde são apoiados pelas forças armadas dos principais aliados europeus, incluindo a Itália.
Ao mesmo tempo, a NATO é reforçada com um novo Comando Conjunto para o Atlântico, inventando o cenário de submarinos russos prontos para afundar os navios mercantes nas rotas transatlânticas e, com um novo Comando Logístico, inventando o cenário de uma NATO forçada a mover, rapidamente, as suas forças para leste, a fim de enfrentar uma agressão russa. Assim, procura justificar a escalada USA/NATO contra a Rússia, subestimando a sua capacidade de reagir quando for encostada às cordas.
Johnson, que compara Putin a Hitler, deve recordar o que aconteceu aos exércitos de Hitler, quando invadiram a Rússia.
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