PT — Manlio Dinuci — A Arte da Guerra — Torpedo bipartidário contra o Acordo para o Afganistão

Neste contexto, após longas negociações, a Administração Trump concluiu um acordo, em Fevereiro passado, com os Taliban que prevê em troca de garantias, a redução do número de tropas USA no Afeganistão de 8.600 para 4.500. Isto não significa o fim da intervenção militar dos EUA no Afeganistão, que continua com forças especiais, drones e bombardeiros. No entanto, o acordo abriria o caminho para uma diminuição do conflito armado.

No entanto, alguns meses após a assinatura,  foi revogado: não pelos talibãs afegãos, mas pelos democratas dos EUA. Aprovaram no Congresso uma emenda à Lei de Permissão que destina 740,5 biliões de dólares para o orçamento do Pentágono no ano fiscal de 2021. A emenda, aprovada em 2 de Julho pela Comissão de Serviços Armados por uma grande maioria com o voto dos Democratas estabelece “limitar o uso de fundos para reduzir o número de forças armadas estacionadas no Afeganistão”.

Proíbe o Pentágono de gastar os fundos em sua posse para qualquer actividade que reduza o número de soldados dos EUA no Afeganistão, abaixo de 8.000: o acordo, que envolve a redução de tropas dos EUA no Afeganistão, está efectivamente bloqueado. É significativo que a emenda tenha sido apresentada não só pelo democrata Jason Crow, mas também pela republicana Liz Cheney, que fornece o seu aval em perfeito estilo bipartidário. Liz é filha de Dick Cheney, Vice Presidente dos Estados Unidos de 2001 a 2009 na Administração de George W. Bush, a que decidiu pela invasão e ocupação do Afeganistão (oficialmente para dar caça a Osama bin Laden).

A emenda condena explicitamente o acordo, argumentando que prejudica “os interesses de segurança nacional dos Estados Unidos”, “não representa uma solução diplomática realista” e “não fornece protecção às populações vulneráveis”. Para ser autorizado a reduzir as tropas no Afeganistão, o Pentágono deverá certificar que isso “não comprometerá a missão antiterrorista dos Estados Unidos”.

Não é por acaso que o ‘New York Times’ publicou um artigo em 26 de Junho que, de acordo com as informações fornecidas (sem nenhuma prova) dos agentes de inteligência USA, acusa “uma unidade de inteligência militar russa de oferecer aos militantes Taliban um engnho militar para  matar soldados da Coligação no Afeganistão, visando principalmente os americanos”. As notícias foram divulgadas pela grande media americana, sem que nenhum caçador de fake news questionasse asua veracidade.

Uma semana depois, foi aprovada a emenda que impede a redução de tropas USA no Afeganistão. O que confirma o verdadeiro objectivo da intervenção militar USA/NATO no Afeganistão: o controlo dessa área de importância estratégica da maior importância. O Afeganistão está na encruzilhada do Médio Oriente, do centro, sul e leste da Ásia.

Nesta área (no Golfo e no Cáspio) existem grandes reservas de petróleo. Existem a Rússia e a China, cuja força está a crescer e afectar as estruturas globais. Como o Pentágono alertou num relatório de 30 de Setembro de 2001, uma semana antes da invasão americana do Afeganistão, “existe a possibilidade de surgir na Ásia, um rival com uma formidável base de recursos”. Possibilidade que agora se está a materializar


Os “interesses da segurança nacional dos Estados Unidos” impõem que fiquemos no Afeganistão, custe o que custar.

Manlio Dinucci

il manifesto07 de Julho de 2020

http://www.natoexit.it/en/home-en/ — ENGLISH

http://www.natoexit.it/ — ITALIANO

DECLARAÇÃO DE FLORENÇA

Para uma frente internacional NATO EXIT, 

em todos os países europeus da NATO

DANSK DEUTSCH ENGLISH ESPAÑOL  FRANÇAIS ITALIANO  NEDERLANDS

PORTUGUÊS ROMÎNA SLOVENSKÝ SVENSKA TÜRKÇE РУССКИЙ

Manlio Dinucci

Geógrafo e geopolitólogo. Livros mais recentes: Laboratorio di geografia, Zanichelli 2014 ; Diario di viaggio, Zanichelli 2017 ; L’arte della guerra / Annali della strategia Usa/Nato 1990-2016, Zambon 2016, Guerra Nucleare. Il Giorno Prima 2017; Diario di guerra Asterios Editores 2018; Premio internazionale per l’analisi geostrategica assegnato il 7 giugno 2019 dal Club dei giornalisti del Messico, A.C.


Tradutora: Maria Luísa de Vasconcellos 

Email: luisavasconcellos2012@gmail.com

Webpage: NO WAR NO NATO

Pages: 1 2

Be First to Comment

Leave a Reply

This site uses Akismet to reduce spam. Learn how your comment data is processed.