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MORCEGOS, REPRODUÇÃO GENÉTICA E ARMAS BIOLÓGICAS: EXPERIÊNCIAS RECENTES DA DARPA FAZEM SURGIR PREOCUPAÇÕES PERANTE OS SURTOS DE CORONAVÍRUS 

 30 de Janeiro de 2020 


 Fonte  

Postado por WHITNEY WEBB

A DARPA DESPENDEU, RECENTEMENTE, MILHÕES DE DÓLARES EM PESQUISAS ENVOLVENDO MORCEGOS E CORONAVÍRUS, BEM COMO NA REPRODUÇÃO GENÉTICA DE “ARMAS BIOLÓGICAS” ANTES DO RECENTE SURTO DE CORONAVÍRUS. AGORA, OS “ALIADOS ESTRATÉGICOS” DA AGÊNCIA ESCOLHERAM DESENVOLVER UMA VACINA DE MATERIAL GENÉTICO PARA IMPEDIR A EPIDEMIA POTENCIAL.

WASHINGTON D.C. – Nas últimas semanas, a preocupação com o aparecimento de um novo coronavírus na China aumentou, exponencialmente, à medida que a comunicação mediática, especialistas e funcionários do governo em todo o mundo se preocupavam abertamente com o facto de que essa nova doença tem o potencial de se transformar numa pandemia global.

À medida que têm aumentado as preocupações com o futuro do surto em curso, também aumenta o número de teorias que especulam sobre a origem do surto, muitas das quais culpam uma variedade de protagonistas estatais e/ou bilionários polémicos. Inevitavelmente,isto deu origem a esforços para conter a “desinformação” relacionada ao surto de coronavírus dos principais meios e das principais plataformas da comunicação social.

No entanto, embora muitas dessas teorias sejam claramente especulativas, também há evidência verificável sobre o interesse recente de uma agência governamental polémica dos EUA nos novos coronavírus, especificamente naqueles que são transmitidos de morcegos para os seres humanos. Essa agência, a Agência sobre Projectos de Pesquisa Avançada na Defesa, do Pentágono (DARPA), começou a investir milhões de dólares em tais pesquisas, em 2018, e alguns desses estudos financiados pelo Pentágono foram conduzidos em laboratórios militares de armas biológicas dos EUA que fazem fronteira com a China e resultaram na descoberta de dezenas de novos grupos de coronavírus  recentemente, melhor dizendo, em Abril do ano passado. Além do mais, as ligações do principal laboratório de biodefesa do Pentágono com um Instituto de Virologia em Wuhan, na China – onde se crê que o começou o surto actual – não foram relatados na comunicação social em língua inglesa, até ao momento.

Embora a causa do surto permaneça totalmente desconhecida, as particularidades das experiências recentes da DARPA e do Pentágono são, claramente, de interesse público, tendo especialmente em consideração que as empresas recentemente escolhidas para desenvolver uma vacina para combater o surto de coronavírus são aliadas estratégicas da DARPA. Não só esta circunstância, mas essas empresas apoiadas pela DARPA estão a desenvolver vacinas controversas de DNA e mRNA para essa categoria específica de coronavírus, uma categoria de vacina que nunca foi aprovada anteriormente para uso humano nos Estados Unidos.

No entanto, à medida que crescem os temores do potencial pandémico do coronavírus, essas vacinas devem ser lançadas no mercado para uso público, tornando importante que o público esteja ciente das recentes experiências da DARPA sobre coronavírus, morcegos e tecnologias de reprodução de genes e as suas implicações mais alargadas.

EXAMINANDO A NARRATIVA RECENTE DA ARMA BIOLÓGICA DE WUHAN


Como o surto de coronavírus passou a dominar os cabeçalhos das notícias das últimas semanas, vários meios de comunicação promoveram alegações de que o epicentro relatado do surto em Wuhan, na China, também era o local de laboratórios supostamente vinculados a um programa de guerra biológica do governo chinês. 

No entanto, após um exame mais aprofundado das fontes dessa alegação grave, estes supostos vínculos entre o surto e um suposto programa chinês de armas biológicas surgiram de duas fontes altamente duvidosas.

Por exemplo, o primeiro canal a relatar esta alegação foi a Radio Free Asia, o canal mediático financiado pelo governo dos EUA, voltado para o público asiático que costumava funcionar de maneira encoberta pela CIA e nomeado pelo New York Times como uma parte essencial da “Rede mundial de propaganda” dessa Agência [CIA]. Embora já não seja administrada directamente pela CIA, agora é administrada pelo Broadcasting Board of Governors (BBG), financiado pelo governo, que responde directamente ao Secretário de Estado Mike Pompeo, que era o Director da CIA imediatamente antes de seu cargo actual, à frente do Departamento de Estado.

Por outras palavras, a Radio Free Asia e outros meios de comunicação administrados pelo BBG são meios legais para a propaganda do governo dos EUA. Especialmente, a proibição de longa data do uso interno de propaganda do governo dos EUA direccionada aos cidadãos dos EUA, que foi levantada em 2013, com a justificação oficial de permitir que o governo “se comunicasse efectivamente, de maneira credível” e pudesse combater melhor a “Al-Qaeda e outras influências de extremistas violentos.” 

Voltando ao assunto em questão, o recente relatório da Radio Free Asia sobre as supostas origens do surto estarem vinculadas a um centro de virologia chinês ligado ao Estado citou, apenas, Ren Ruihong, o antigo Chefe do Departamento de Assistência Médica da Cruz Vermelha Chinesa, como o autor desta afirmação. Ruihong foi citado como especialista em vários relatórios da Radio Free Asia sobre surtos de doenças na China, mas não foi citado como especialista por nenhum outro meio de comunicação de língua inglesa.

Ruihong disse à Radio Free Asia o seguinte:

“É um novo tipo de coronavírus mutante. Eles não tornaram pública a sequência genética, porque é altamente contagiosa … A tecnologia da engenharia genética chegou a tal ponto agora e Wuhan é o local de residência de um centro de pesquisa viral que está sob a égide da Academia de Ciências da China, que é o mais alto nível de instalações de pesquisa na China.”

Embora Ruihong não tenha dito directamente que o governo chinês estava a criar uma arma biológica nas instalações de Wuhan, sugeriu que experiências genéticas nas instalações podem ter resultado na criação desse novo “coronavírus mutante” no centro do surto. 

Com a Radio Free Asia e a sua única fonte tendo especulando sobre as ligações do governo chinês com a criação do novo coronavírus, o Washington Times logo levou muito mais longe num relatório intitulado “Wuhan, atingido por vírus, tem dois laboratórios ligados ao programa chinês de guerra biológica.” Esse artigo, bem como o relatório anterior da Radio Free Asia, cita uma única fonte para essa argumentação, Dany Shoham, antigo especialista em guerra biológica dos serviços secretos/inteligência militar israelita.”

No entanto, lendo o artigo, verifica-se que Shoham nem sequer faz, directamente, a afirmação citada no título do artigo, pois disse apenas ao Washington Times que: “Certos laboratórios no instituto [de Wuhan] estavam provavelmente envolvidos, em termos de pesquisa e desenvolvimento, em [armas biológicas] chinesas, pelo menos colateralmente, mas não como sendo uma instalação principal do envolvimento chinês na Guerra Biológica (ênfase acrescentada por nós). ”

Embora as alegações de Shoham sejam claramente especulativas, é dizer que o Washington Times se preocuparia em citá-lo, especialmente devido ao papel fundamental que ele desempenhou ao promover as falsas alegações de que os ataques de Anthrax, em 2001, foram obra de Saddam Hussein, no Iraque. As afirmações de Shoham sobre o governo iraquiano e sobre o Anthrax como arma, que foram usadas para fundamentar o caso da invasão do Iraque em 2003, uma vez que  foram comprovadas como sendo completamente falsas, visto que se descobriu que o Iraque não possuía nem “armas químicas, nem biológicas de destruição em massa”, que os “especialistas” como Shoham, afirmaram existir.

Além da história de Shoham de fazer alegações suspeitas, também vale a pena notar que o empregador anterior de Shoham, os Serviços Secretos militares israelitas, têm um passado preocupante com armas biológicas. Por exemplo, no final dos anos 90, foi relatado por vários meios de comunicação que Israel estava a desenvolver uma arma biológica genética que visaria os árabes, especificamente os iraquianos, mas não afectaria os judeus israelitas.

Dado o passado duvidoso de Shoham e a natureza claramente especulativa das suas argumentações e daquelas que foram feitas no relatório da Radio Free Asia, uma passagem do artigo do Washington Times é particularmente significativa sobre por que razão essas alegações surgiram recentemente:

“Um sinal ameaçador, disse uma autoridade dos EUA, é que há várias semanas, desde que o surto teve início, começaram a circular na Internet chinesa falsos rumores alegando que o vírus faz parte de uma conspiração dos EUA para espalhar germes como armas biológicas. Isso pode indicar que a China está a preparar meios de propaganda para combater acusações futuras de que o novo vírus escapou de um dos laboratórios civis ou de defesa de Wuhan (ênfase adicionada). ”

No entanto, como foi visto nesse mesmo artigo, as acusações de que o coronavírus escapou de um laboratório ligado ao Estado chinês dificilmente são acusações futuras, pois que o Washington Times e a Radio Free Asia já fizeram essa afirmação. Em vez disso, o que esta passagem sugere é que os relatórios da Radio Free Asia e do Washington Times foram respostas às reivindicações que circulam na China de que o surto está ligado a uma “conspiração dos EUA para espalhar germes como armas biológicas.”

Embora, até ao momento, a maioria dos meios de comunicação de língua inglesa não tenha examinado essa possibilidade, há fundamentos de apoio consideráveis que merecem ser examinados. Por exemplo, não apenas as forças armadas dos EUA, incluindo a sua pesquisa de armas controversa – a Agência de Projectos de Pesquisa Avançada de Defesa (DARPA), a financiar, recentemente, estudos na China e nas proximidades que descobriram novos coronavírus mutantes originários de morcegos, mas o Pentágono também ficou preocupado recentemente. sobre o uso potencial de morcegos como armas biológicas.

Coronavirus

OS MORCEGOS COMO ARMAS BIOLÓGICAS

Como o surto de coronavírus que está a acontecer centrado na China, se espalhou para outros países e foi responsabilizado por um número crescente de mortes, surgiu um consenso de que esse vírus, em particular, actualmente classificado como um “coronavírus singular [ou seja, novo]”, acredita-se que tenha se originado em morcegos e foi transmitido aos seres humanos em Wuhan, na China, por meio de um mercado de frutos do mar que também comercializava animais exóticos. Os chamados mercados “úmidos”, como o de Wuhan, foram anteriormente culpados por surtos mortais de coronavírus na China, como o surto de 2003 da Síndroma Respiratória Aguda e Grave (SARS).

Além do mais, um estudo preliminar sobre o coronavírus responsável pelo surto actual descobriu que o receptor, a enzima conversora de angiotensina 2 (ACE2), não é só a mesma como a usada pelo coronavírus SARS, mas que os asiáticos orientais apresentam uma proporção muito maior de células pulmonares que expressam esse receptor do que as outras etnias (caucasianas e afro-americanas) incluídas no estudo. No entanto, essas descobertas são preliminares e o tamanho da amostra é muito pequeno para tirar conclusões definitivas desses dados preliminares.

Há dois anos, relatos da comunicação mediática começaram a discutir a súbita preocupação do Pentágono de que os morcegos poderiam ser usados como armas biológicas, particularmente na disseminação de coronavírus e de outras doenças mortais. O Washington Post afirmou que o interesse do Pentágono em investigar o uso potencial de morcegos para espalhar doenças mortais como armas biológicas foi devido aos imaginados esforços russos em fazer o mesmo. No entanto, essas alegações sobre esse interesse russo em usar morcegos como armas biológicas datam da década de 1980, quando a União Soviética se empenhou em pesquisas secretas envolvendo o vírus Marburg, pesquisa que nem sequer envolvia morcegos e que terminou com o colapso da União Soviética em 1991. 

Como muitos dos programas de pesquisa controversos do Pentágono, os morcegos como armas biológicas foram classificados como defensivos, apesar do facto de que nenhuma ameaça iminente envolvendo armas biológicas propagadas por morcegos tenha sido reconhecida. No entanto, cientistas independentes acusaram recentemente o Pentágono, particularmente a sua pesquisa de armas DARPA, de alegar estar envolvida em pesquisas que dizem ser “defensivas”, mas na verdade são “ofensivas”.

O exemplo mais recente desta situação envolveu o programa “Insectos Aliados” da DARPA, que, oficialmente, “se destina a proteger o suprimento de alimentos agrícolas dos EUA, distribuindo genes protectores às plantas através de insectos, responsáveis pela transmissão da maioria dos vírus vegetais” e assegurar “a segurança alimentar no caso de uma grande ameaça”, de acordo com os relatórios da DARPA e da comunicação mediática.

No entanto, um grupo de cientistas independentes e respeitados revelou numa análise categórica do programa que, longe de ser um projecto de pesquisa “defensivo”, o programa Insect Allies visava criar e fornecer uma “nova classe de arma biológica”. Os cientistas, escrevendo na revista Science e chefiados por Richard Guy Reeves, do Instituto Max Planck de Biologia Evolutiva na Alemanha, alertaram que o programa da DARPA – que usa insectos como veículo para agentes de alteração genética ambiental horizontal (HEGAAS) – revelou “a intenção desenvolver um meio de propagação de HEGAAs para fins ofensivos (enfâse nossa).”

Qualquer que seja a verdadeira motivação por trás da preocupação súbita e recente do Pentágono sobre os morcegos serem usados como veículo de transmissão de armas biológicas, os militares dos EUA aplicaram milhões de dólares nos últimos anos, a financiar pesquisas sobre morcegos, os vírus mortais que eles podem albergar – incluindo coronavírus – e como esses vírus são transmitidos dos morcegos aos seres humanos.

Por exemplo, a DARPA empregou 10 milhões de dólares num projecto, em 2018, “para desvendar as causas complexas dos vírus transmitidos pelos morcegos que recentemente deram se propagaram nos seres humanos, causando preocupação entre as autoridades mundiais de saúde”. Outro projecto de pesquisa apoiado pela DARPA e pelo NIH constatou pesquisadores da Colorado State University examinarem o coronavírus que causa a Síndrome Respiratória do Médio Oriente (MERS) em morcegos e camelos “para compreender o papel desses hospedeiros na transmissão de doenças aos seres humanos”. Outros estudos financiados pelos militares dos EUA, discutidos em pormenor, posteriormente neste relatório, descobriram várias novas linhagens de novos coronavírus transportados por morcegos, tanto na China como nos países vizinhos da China. 

Muitos desses projectos de pesquisa recentes estão relacionados com o programa de Prevenção de Ameaças Patogénicas Emergentes daDARPA, ou programa PREEMPT, que foi anunciado oficialmente em Abril de 2018. O PREEMPT concentra-se, especificamente, em reservatórios de doenças de animais, especificamente morcegos, e a DARPA até observou no seu comunicado à imprensa no programa que “está ciente das sensibilidades de bioproteção e biossegurança que possam surgir” devido à natureza da pesquisa.

O anúncio da DARPA para o PREEMPT veio apenas alguns meses após o governo dos EUA decidir encerrar controversamente uma moratória nos chamados estudos de “actividade nova ou melhorada” envolvendo patógenos perigosos. O VICE News explicou os estudos de “actividade nova ou melhorada” como se segue:

“Conhecidos como estudos de “actividade nova ou melhorada,” esse tipo de pesquisa é ostensivamente sobre como tentar ficar um passo à frente da natureza. Ao criar super-vírus mais patogénicos e facilmente transmissíveis, os cientistas são capazes de estudar a maneira como esses vírus podem evoluir e como as alterações genéticas afectam a maneira como um vírus interage com o seu hospedeiro. Usando estas informações, os cientistas podem tentar antecipar o aparecimento natural dessas características, desenvolvendo medicamentos antivirais capazes de evitar uma pandemia (ênfase adicionada). ”

Além do mais, enquanto o programa PREEMPT da DARPA e o interesse aberto do Pentágono nos morcegos como armas biológicas foram anunciados em 2018, os militares dos EUA – especificamente o Programa de Redução de Ameaças Cooperativas do Departamento de Defesa – começaram afinanciar pesquisas envolvendo morcegos e patógenos mortais, incluindo os coronavírus MERS e SARS, um ano antes, em 2017. Um desses estudos concentrou-se na  “Emergência de Doenças Zoonóticas por morcegos na Ásia Ocidental” e envolveu o Lugar Center, na Geórgia, identificado por antigos funcionários do governo da Geórgia, pelo governo russo e pela jornalista investigadora independente, Dilyana Gaytandzhieva, como um laboratório secreto de armas biológicas dos EUA.

Também é importante ressaltar o facto de que os principais laboratórios militares dos EUA, que envolvem o estudo de patógenos mortais, incluindo coronavírus, Ébola e outros, foram repentinamente encerrados em Julho passado, depois  do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC) ter identificado grandes “lapsos de biossegurança” na instalação.

A instalação do Instituto de Pesquisas Infecciosas do Exército dos EUA (USAMRIID), em Fort Detrick, Maryland – o principal laboratório militar dos EUA para pesquisas de “defesa biológica” desde o final dos anos 1960 – foi forçada a interromper todas as pesquisas que estava conduzindo com uma série de patógenos mortais depois do CDC constatar que faltava “sistemas suficientes para descontaminar as águas residuais” dos seus laboratórios da mais alta segurança e a falha do pessoal em seguir os procedimentos de segurança, entre outros lapsos. A instalação contém laboratórios de biossegurança de nível 3 e 4. Embora não se saiba se as experiências envolvendo coronavírus estavam a ocorrer na época, a USAMRIID esteve recentemente envolvida em pesquisas alimentadas pela preocupação recente do Pentágono com o uso de morcegos como armas biológicas.

A decisão de encerrar as instalações da USAMRIID, surpreendentemente, obteve pouca cobertura dos media, assim como a decisão surpreendente do CDC de permitir que a instalação problemática “retomasse parcialmente” a pesquisa no final de Novembro, mesmo que a instalação estivessee ainda não esteja com “capacidade operacional total”. Um registo problemático de segurança nessas instalações é particularmente preocupante à luz do recente surto de coronavírus na China. Como este relatório  revelará em breve, isto acontece porque a USAMRIID mantém uma parceria estreita de décadas com o Instituto de Virologia Médica da Universidade de Wuhan, localizado no epicentro do surto actual.

O PENTÁGONO EM WUHAN?

Além das despesas recentes e do interesse das forças armadas dos EUA no uso de morcegos como armas biológicas, também vale a pena examinar os estudos recentes que os militares financiaram em relação aos morcegos e aos “novos coronavírus”, como o que ocorreu por trás do recente surto, ocorrido Na China ou nas proximidades da mesma.

Por exemplo, um estudo realizado no sul da China,em 2018, resultou na descoberta de 89 novas “estirpes de coronavírus de morcego” que usam o mesmo receptor que o coronavírus conhecido como Síndrome Respiratória do Médio Oriente (MERS). Esse estudo foi financiado em conjunto pelo Ministério da Ciência e Tecnologia do governo chinês e pela USAID – uma organização que há muito tempo é acusada de ser uma frente para os Serviços Secretos/inteligênciados EUA e o Instituto Nacional de Saúde dos EUA – que colaborou com a CIA e com o Pentágono em doenças infecciosas e pesquisa de armas biológicas.

Os autores do estudo também sequenciaram o genoma completo de duas dessas estirpes e também observaram que as vacinas MERS existentes seriam ineficazes no ataque desses vírus, levando-os a sugerir que uma deveria ser desenvolvida com antecedência. Isso não aconteceu.

Outro estudo financiado pelo governo dos EUA que descobriu ainda mais novas linhagens de “novos coronavírus de morcegos” foi publicado precisamente no ano passado. Intitulado “Descoberta e caracterização de novas linhagens de coronavírus de morcego do Cazaquistão”, focou-se na “fauna de morcegos da Ásia central, que liga a China à Europa Oriental” e as novas linhagens de coronavírus de morcego descobertas durante o estudo estavam “intimamente relacionadas aos coronavírus dos morcegos da China, da França, da Espanha e da África do Sul, sugerindo que a co-circulação de coronavírus é comum em várias espécies de morcegos com sobreposição de distribuições geográficas.” Por outras palavras, os coronavírus descobertos neste estudo foram identificados em populações de morcegos que migram entre a China e o Cazaquistão, entre outros países, e está intimamente relacionado aos coronavírus de morcegos em vários países, incluindo a China.

O estudo foi inteiramente financiado pelo Departamento de Defesa dos EUA, especificamente a Agência de Redução de Ameaças de Defesa (DTRA) como parte de um projecto que investiga os coronavírus semelhantes ao MERS, como o estudo de 2018 mencionado anteriormente. No entanto, além do financiamento deste estudo de 2019, também vale a pena observar as instituições envolvidas na realização deste estudo, devido às suas ligações íntimas com os militares e com o governo dos EUA.

Os autores do estudo são afiliados ao Instituto de Pesquisa para Problemas Biológicos de Segurança do Cazaquistão e/ou à Universidade Duke. O Instituto de Pesquisa para Problemas de Segurança Biológica, embora oficialmente faça parte do Centro Nacional de Biotecnologia do Cazaquistão, recebeu milhões do governo dos EUA, a maioria proveniente do Programa de Redução de Ameaças Cooperativas do Pentágono. É o depósito oficial do governo do Cazaquistão de “infecções animais e aves altamente perigosas, com uma colecção de 278 estirpes patogénicas de 46 doenças infecciosas”. Faz parte de uma rede de “laboratórios de armas biológicas” financiados pelo Pentágono em todo o território da Ásia Central, que faz fronteira com os dois principais Estados rivais dos EUA – a China e a Rússia.

O envolvimento da Duke University com este estudo também é interessante, dado que a Duke University é um parceiro-chave do programa DARPA Pandemic Prevention Platform (P3), que oficialmente visa “acelerar drasticamente a descoberta, a integração, os testes pré-clínicos e a fabricação de contramedidas médicas contra doenças infecciosas.” O primeiro passo do programa Duke/DARPA envolve a descoberta de vírus potencialmente ameaçadores e o “desenvolvimento de métodos para apoiar a propagação viral, para que o vírus possa ser usado em estudos posteriores”.

A Duke University também tem parceria com a UniversidadeWuhan da China, que está sediada na cidade onde o surto actual de coronavírus começou, o que resultou na abertura da Universidade Duke Kunshan (DKU), com sede na China, em 2018. Notavelmente, a Universidade Wuhan da China – além da sua parceria com a Duke – também inclui um Instituto de Virologia Médica de vários laboratórios que trabalha em estreita colaboração com o Instituto de Pesquisa Médica do Exército dos EUA para Doenças Infecciosas, desde a década de 1980, de acordo com o seu site. Como foi observado anteriormente, as instalações da USAMRIID nos EUA foram encerradas em Julho passado, por falhas no cumprimento dos procedimentos de biossegurança e pela rejeição inadequada de resíduos, mas foi autorizada a retomar parcialmente algumas experiências no final de Novembro.

A seguir: Parte 2


A HISTÓRIA SOMBRIA DA GUERRA BIOLÓGICA DO PENTÁGONO

Tradutora: Maria Luísa de Vasconcellos 

Email: luisavasconcellos2012@gmail.com

Webpage: NO WAR NO NATO

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