Os líderes mundiais estão se preparando para a 23ª Conferência das Nações Unidas para Mudanças Climáticas (COP 23) e realizaram desde a última terça até ontem, dia 11, uma reunião em Bonn, Alemanha. O objetivo era discutir o quão importante é manter companhias cuja base do negócio é a exploração de combustíveis fósseis nas negociações climáticas.
A ONG Corporate Accountability International (CAI) divulgou no início de maio, um manifesto pedindo o fim do lobby dessas empresas. Gigantes do setor como a British Petroleum, financiam um sem número de organizações que têm voz e influência nas negociações da COP. Só a BP financia a Câmara Internacional do Comércio, a FuelsEurope, que reúne 40 países em torno do tema e o Conselho Empresarial da Austrália, um dos mais fiéis defensores da participação dessas companhias nos acordos.
A reunião transcorria bem até que diplomatas australianos, defendendo a ExxonMobil, advogaram mais uma vez pela participação de petrolíferas em consonância com o Acordo de Paris. A posição é acompanhada pelo Brasil, Estados Unidos e União Europeia.O diretor de política internacional da CAI, Tamar Lawrence-Samuel, criticou duramente o posicionamento.
“Por mais de 20 anos não conseguimos fazer o que é realmente necessário para enfrentar a enormidade da crise climática de uma maneira que apenas transforma nossos sistemas de energia e isso se deve principalmente aos interesses da indústria de combustíveis fósseis, cujos lucros dependem da inação […] Ficou claro do workshop que era favorável a uma política de conflito de interesses e quem não era”, disse Lawrence-Samuel.
Precedente
Em 2003, a OMS, Organização Mundial de Saúde baniu companhias de tabaco de participarem das negociações em torno das políticas de saúde em torno da limitação do acesso ao cigarro. Na época, a OMS disse que a medida, que interrompeu o lobby de companhias como a British American Tobacco, a Philip Morris, salvaria a vida de 200 milhões de pessoas até 2050? A pergunta que os ambientalistas se fazem é: por que o mesmo não acontece com indústrias exploradoras de petróleo?
“É muito importante a participação destas empresas [exploradoras de combustíveis fósseis] na regulação da emissão de gases estufa. Sem elas a reunião seria inócua, nós não chegaríamos a uma conciliação de interesses. No entanto, essas empresas precisam participem e muito, fazendo-os entender que uma empresa de energia pode conciliar outras formas de energia sustentável de forma equilibrar melhor o planeta”.
O professor argumenta também que houve um “afrouxamento” dos grupos que advogam pela defesa do meio-ambiente. Zee pede uma organização melhor da sociedade e o financiamento de iniciativas que visam superar a era dos combustíveis fósseis.
“Não podemos ter um lado ganha e outro perde e não conseguirmos avançar em soluções efetivamente modernas, inovadoras e capazes de trazer consenso. Lados antagônicos sempre vai existir, precisamos de pontes de conciliação”.
SOURCE
Be First to Comment