Quantum Bird – 27 de janeiro 2024
Em física e engenharia estudamos com grande interesse sistemas físicos que exibem, sob certas circunstâncias, um comportamento chamado de feedback positivo. Basicamente, trata-se de um processo cíclico causal fechado, no qual causa e efeito se reforçam recursivamente. Quando o ganho do ciclo é positivo e maior que a unidade, haverá crescimento exponencial da causa e do efeito, levando a oscilações crescentes, comportamento caótico e outros fenômenos divergentes, que afastam o sistema afetado rapidamente de seu estado de equilíbrio, podendo ocasionar o colapso de estruturas e até mesmo explosões.
O conceito de feedback positivo também serve para entender a conjuntura histórica atual. Seguramente nosso planeta nunca foi nenhum paraíso cheio de paz e serenidade, mas o recrudescimento dos conflitos geopolíticos e geoeconômicos em escala global observados no último par de décadas são qualitativamente diferentes das instabilidades do período imediatamente anterior. De fato, estamos observando o colapso da última encarnação do Império Ocidental – a metrópole hospedeira, nesse caso, são os EUA – e a demolição das ordens econômica, política e civilizacional correspondentes.
Muito já foi escrito e dito sobre isto e, em 2024, o prognóstico da derrocada do Império Ocidental não é nenhuma novidade para qualquer um com, no mínimo, dois neurônios funcionais e que não esteve dormindo em um freezer nos últimos 20 anos. Além disso, de uma perspectiva puramente histórica, sabemos que todos os impérios eventualmente colapsam. Se a derrocada ocidental é certa, o que dizer sobre o processo de colapso em si?
Aparentemente, a dinâmica do colapso do império ocidental está agora sob um regime de feedback fortemente positivo e nada pode ser efetivamente feito para reverter essa tendência. Ou seja, o processo adquiriu uma dinâmica própria e autossustentada, e qualquer ação ao alcance dos EUA e seus vassalos para reverter este curso, apenas tende a reforçar e acelerar o processo.
Vejamos alguns exemplos:
* Falência da tática de “dividir e reinar”. Uma das principais táticas que os EUA e suas satrapias (Hegemon) usaram para estabelecer sua autonomia foi a de fomentar, ou tirar proveito, de conflitos nacionais e regionais, que, uma vez ignidos, são sistematicamente posteriormente congelados. A lógica é criar um estado de equilíbrio frágil e metaestável, pois estes conflitos podem ser convenientemente descongelados pelo Império, de acordo com as suas necessidades, por meio de revoluções coloridas, operações de bandeira falsa etc. Os exemplos são abundantes. A novidade é que o Hegemon está perdendo rapidamente o controle sobre esses teatros, e os atores que costumavam representar o lado mais fraco estão agora confiantes o suficiente para descongelar esses conflitos por eles mesmos e partir para o ajuste de contas. Não se enganem nem por um segundo. Todos os conflitos fomentados e congelados pelo Hegemon serão descongelados, e provavelmente, simultaneamente. As tentativas do Hegemon de defender seus interesses nesses teatros levará inexoravelmente à sua exaustão militar e econômica, o que por sua vez encorajará mais acertos de contas. O Hegemon tende a ser engolido pelo caos que ele mesmo semeou. Alguns exemplos veem a mente: Venezuela /Essequibo, Coreia do Sul/Coreia do Norte, China/Taiwan, Curdistão/Iraque/Síria. E crucialmente, todo continente africano.
* Desafiados e vencidos no próprio jogo econômico. A ordem econômica vigente, globalizada, fortemente financeirizada e radicada nas capitais econômicas do Hegemon foi um dos principais instrumentos de controle e manutenção do poder imperial na segunda metade do século XX. A instrumentalização do dólar como arma e o abuso de sanções econômicas finalmente convenceram todo o Sul Global a se afastar do sistema financeiro Ocidental, e principalmente do dólar e do euro. Os países do Sul Global estão agora colaborando em uma série de arranjos comerciais para negociarem em suas próprias moedas e estabelecendo mecanismos de troca de mercadorias e valores independentes. Pense em BRICS, EAEU e SCO. A resposta do Hegemon aos rebeldes são mais sanções e sequestros de reservas nacionais, o que reforça ainda mais o ímpeto de abandonar o sistema econômico ocidental. Além disso, os bravos Houtis do Yêmem acabam de demonstrar, usando alguns drones de centenas de dólares e mísseis balísticos de primeira geração para negar o trânsito pelo Mar Vermelho a navios associados a, e/ou com destino a Israel, o quão frágil é o castelo de cartas de trilhões de dólares em derivativos que flutuam em torno do comércio global. A resposta do Hegemon foi iniciar uma guerra contra o Yêmem e converter a região em uma zona de guerra, o que nega o trânsito de navios completamente na área, que era o objetivo inicial dos Houtis. Além disso, o principal beneficiário da antiga ordem globalizada foi a China, que emergiu do processo concentrando a maior parte do capital produtivo e da capacidade industrial global, enquanto EUA, Europa e Reino Unido estão criticamente desindustrializados, afundados em débito e dependentes das cadeias de suprimentos globais, sobre as quais estão perdendo controle rapidamente. Novamente, os Houtis chutaram o castelo de cartas.
* A proliferação de drones armados, mísseis balísticos de médio alcance e foguetes leves mudou totalmente a equação da manutenção de presença militar e projeção de força do Hegemon pelo globo. Estes sistemas relativamente baratos requerem o emprego de sistemas de interceptação uma, ou duas, ordens de magnitude mais custosos, que operam com eficiência duvidosa. Como a retirada geralmente não é a primeira opção, a resposta do Hegemon ao ataque às suas bases e navios de guerra tem sido o aumento da força militar, o que por sua vez aumenta o número de vítimas entre seus próprios soldados e expõe as fragilidades dos seus sistemas de defesa, encorajando mais ataques.
* A tentativa do Hegemon de expandir e manter a OTAN no leste europeu levará à expansão do escopo da Operação Especial Militar Russa na Ucrânia e acarretará a extinção completa da OTAN. A destruição de algumas das capitais europeias é plausível, pois a atualização das doutrinas de engajamento militar da Rússia, Coreia do Norte e China preveem o engajamento dos centros de comando e tomada de decisões como alvos legítimos. O Hegemon perdeu a corrida armamentista e está atrasado uma, caminhando para duas, gerações atrás em termos de sistemas de defesa. Pense em mísseis hipersônicos, ataques eletromagnéticos e sistemas integrados de defesa antiaérea da Rússia, China e Irã.
Finalmente, o Tribunal Internacional de Justiça (ICJ) acaba de condenar efetivamente, ainda que não definitivamente, Israel por genocídio. O malabarismo retórico expresso na decisão e a atitude geral das potências ocidentais, que aparentemente estão usando a decisão para sinalizar virtudes e mais uma vez não fazer nada a respeito para que o genocídio seja interrompido, servirão apenas como mais uma demonstração gráfica da falência das instituições políticas ocidentais e sua total inadequação política e moral para liderar qualquer coisa no mundo. Por outro lado, acabou o teatro de acusar de antissemitismo qualquer um que aponte o óbvio sobre Israel: um regime de apartheid genocida. Com a decisão do ICJ em punho, os atores do Sul Global poderão agora atuar unilateralmente para forçar, de uma forma ou de outra, a implementação do veredicto.
No meio tempo, o caos reina na política doméstica das potências ocidentais, com estados dos EUA desafiando e se rebelando contra decisões do governo federal; o governo alemão manipulando o sistema eleitoral e as instituições públicas para convocar protestos para banir os partidos de oposição e alienar adicionalmente a população da Alemanha Oriental; tudo enquanto fazendeiros organizam protestos em escala continental para interromper o suprimento de insumos para as principais capitais europeias. Isto apenas para citar alguns exemplos. A recessão e a queda acelerada dos padrões de vida seguida de agitação política e depressão econômica é a realidade cada vez mais palpável na realidade doméstica ocidental.
“De fato, estamos observando o colapso da última encarnação do Império Ocidental – a metrópole hospedeira, nesse caso, são os EUA – e a demolição das ordens econômica, política e civilizacional correspondentes.
Muito bem citado “metropole hospedeira”. As caracteristicas do Império são as mesmas há muito tempo, só mudam a capital de lugar, conforme a conveniência.
Cabe espaço pra reflexão: teremos agora a reencarnação do Império com duas capitais (Moscou e Pequim), como no passado foi com Roma e Constantinopla?
O nivel de ocidentalização (idiotização pelo consumo) da China e os carros russos sem “shop manual”, com o desprezo pelos “Lada”, me preocupam. Há muitas outras evidências.
Ja que é “Rock & Geopolitics” vale lembrar Leo Jaime em “Nada mudou” de 1986: “Ôh, ôh, ôh, ôh, nada mudou”. Letra que coube bem na saida da ditadura em 1985 e coube melhor ainda nos “tempos Collor” pós 1992. Torço pra que essa adequação seja um falso positivo em 2022.
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“Por outro lado, acabou o teatro de acusar de antissemitismo qualquer um que aponte o óbvio sobre Israel: um regime de apartheid genocida.”
“Por outro lado, acabou o teatro”. Sim, muitas farsas foram expostas.
Acabou o teatro de acreditar em qualquer coisa dita por um apresentador de telejornal, presidente, porta voz ou qualquer agente do estado. Todos são fabricantes de consentimento.
– Crença zero em economia de carbono zero;
– Crença zero na liberdade de comprar energia eletrica de vários fornecedores (como disse Rolando Bicalho, na série “Curto Circuito”: “ter a liberdade pra comprar a energia mais cara”);
– Crença zero em novas vacinas. A TV do Brasil está vendendo as vacinas japonesas contra a “dengue” de uma forma imoral. Ninguem estimulou o aquarismo externo com um peixe chamado “barrigudinho” que é um devorador de larvas de pernilongos.
– Crença zero no sistema escolar, que anula a memória de Anisio Teixeira e inventa heróis como Tiradentes e fabrica fraudes como “22 de abril de 1500”.
– Crença zero em cloud computing, que coloca os dados dos negócios das empresas e a vida pessoal dos comuns, na boca da águia devoradora de informações chamada Google ou os demais 4 “five eyes”.
– Crença zero em “inteligencia artificial”. Termo tão distorcido que em muitos casos bizarros, se deduz que a tal alegada IA, já existia nos anos 196X, com os programas em COBOL,
– Crença zero no império de mentiras.
Uma visão interessante sobre a entropia do aparelho imperial ocidental com base nas ciências físicas. Mas eu não acho que elas sejam realmente necessárias para se compreender um fenómeno que é essencialmente humano. As ciências sociais, e especialmente o marxismo, há muito diagnosticaram o problema com base nas assimetrias da oferta e da procura na função económica, que é a base de todas as sociedades humanas.
Na verdade o sistema capitalista , que tem uma existência de apenas três séculos na História da Humanidade, é um sistema completamente aberrante e irracional e por esse facto já encontrou o seu fim por duas vezes no espaço de um século, tendo depois ressuscitado sobre os cadáveres de milhões de mortos. A Primeira Guerra Mundial (1914-18) corresponde à crise global do final do século XIX e a Segunda (1939-45) deriva da Grande Depressão dos anos 30 do século XX.
40 milhões de desempregados, numa época em que não havia apoios sociais, geraram o desespero que fez nascer o nazismo. Mas se as coisas se tivessem passado de outra maneira a guerra teria acontecido na mesma. O capitalismo tem a necessidade de gerar periodicamente destruição global para se regenerar, criando novos mercados no processo de reconstrução. Não existe para ele outra saída. E é por isso que eu acredito que III Guerra Mundial é inevitável e estamos já a assistir aos seus primórdios.
Depois da II Grande Guerra, as sociedades ocidentais alteraram progressivamente os padrões das suas economias dando a primazia ao setor financeiro. E esta metamorfose foi a maior aberração que poderiam ter criado.
A economia é definida como um conjunto de processos, desenvolvidos pelos grupos humanos, no sentido da criação de riqueza e da sua distribuição, entendendo riqueza como o conjunto dos bens materiais.
O que nos leva á inevitável conclusão de que o dinheiro não é realmente riqueza. Ele é um mecanismo essencialmente virtual que foi criado para facilitar as trocas de produtos. E, se o dinheiro não é realmente um bem real, as economias financeiras também não são economias reais e só podem sobreviver enquanto o mundo colaborar na fantasia que lhe está associada. Os PIB astronómicos dos EUA, por exemplo, resultam de meras operações bancárias em que o próprio dinheiro, que não passa de bits e Bytes nos sistemas informáticos bancários, é multiplicado, mas em que nada é produzido. E é por isso que os EUA têm o segundo maior PIB mundial e a maior dívida externa também. Basicamente eles vivem da impressão de dinheiro falso.
Explicando melhor. Suponhamos que eu quero comprar a casa do meu vizinho. Ele pede 100 mil euros por ela. Como eu não tenho essa quantia vou pedir um empréstimo ao banco nesse valor. O banco empresta e então eu fico com 100 mil euros e uma dívida a longo prazo de três vezes esse valor que entra nos ativos do banco. Eu dou os 100 mil ao meu vizinho e ele, naturalmente, vai depositá-los no banco. Temos assim que numa única operação 100 mil euros foram multiplicados 4 vezes e nada foi produzido. A casa já existia. É assim que são gerados os PIB nas economias desindustrializadas do Ocidente.
Toda a estrutura que suporta as economias ocidentais depende de o dólar e seus derivados continuarem a ser moedas de referência nas transações internacionais. Uma vez que a mudança desse “status” constitui precisamente o eixo central das linhas programáticas do movimento aglutinador das potências emergentes, parece-me óbvio que o Armagedão será praticamente inevitável a seu tempo. Porque, para o Império Ocidental, a escolha será entre a sua própria implosão e a guerra total,
O Império ainda fará a sua última jogada. Acho que o eixo Rússia-China-Irã e respetivos aliados não pode deixar de estar perfeitamente ciente disso quando tomam progressivamente medidas para encurralar cada vez mais o monstro. Não acho que eles tenham propensão para o suicídio.
Tenho a convicção que mais que crises capitalistas, existem sim manobras illuminatis. Não há nada de errado na livre concorrência para os mais capazes, e é fundamental a assistencia do estado aos menos capazes, incapazes e infortunados (como os que sobrevivem a tragédias naturais).
Essa balela de empreendedorismo é um escárnio. A assitência do estado é fundamental pra melhoria das condições de vida dos mais fracos e pra evitar o caos da violência de varejo como vemos acontecer na região central de São Paulo. É um escárnio porque existem recursos financeiros e militares pra que esse caos seja contornado, mas esse caos é controlado e fabricado pelas elites sátrapas paulistas, até porque as drogas precisam de cobaias para serem estudadas entre outros etcéteras.
O espaço teorias macroeconomicas permitem longas divagações e isso consome tempo e muitas vezes beira o entretenimento, porque raramente os lados são capazes de ouvir visões divergentes.
Falar de história mundial nos ultimos 1000 anos (talvez ainda mais) menosprezando as manobras illuminatis é tergiversar. Existe a historia dos atores do estado, dita história oficial (como foi o circo da Lavajato) e a história real dos illuminatis e o conflito entre Russia+China contra eles e seus reflexos no Brasil.
Os EUA produzem muito mais que dinheiro de papel, o estado norte americano é a máscara para a aristocracia ocidental illuminati impor mortes aos que não se acovardaram ao papel de sátrapas (como é toda aristocracia brasileira). Os EUA são os executores das extorções dos povos e estados mais fracos e os EUA atuam em favor dessa aristocracia illuminati ocidental. Todo ocidente está envolvido em Gaza e Ucrania, como esteve no butim do Iraque desde 2003, mas pequena minoria sátrapa se beneficia.
Dentro desse contexto do o ocidente se mover em bloco, o que podemos refletir sobre as empresas brasileiras que migraram suas bases operatrizes para a China? Se a China é inimiga do ocidente o lógico seria que essas empresas que fugiram daqui nos anos 199X, voltassem pra cá o mais rápido possível, mas estranhamente isso não aconteceu. É um fio de meada a ser observado.
E os illuminatis tem propensão ao suicídio sim, porque filosoficamente já o fazem em vida. Trabalhei para um banqueiro sionista que flaguei algumas vezes, ter passado o fim de semana em ofício, com sua equipe, quando já tinha uma fortuna pessoal de mais de 4 bilhões de dólares. Isso é loucura e loucos são suicidas sim.