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Bernays e a Propaganda – Parte 1 de 5

Por Larry Romanoff para The Saker Blog, February 06, 2021

https://archive.org/details/Propaganda1928ByEdwardL.Bernays_201608/page/n1/mode/2up

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Há muitos anos, o comentador político judeu americano Walter Lippmann percebeu que a ideologia política podia ser completamente fabricada, ao utilizar os meios de comunicação social para controlar tanto a apresentação, como a conceptualização, não só para criar crenças falsas profundamente enraizadas numa população, mas também para apagar completamente ideias políticas indesejáveis da mente pública. Este foi o início não só da histeria americana pela liberdade, democracia e patriotismo, como também de toda a opinião política fabricada, um processo que tem sido infalível desde então. Lippmann criou estas teorias de persuasão em massa do público, utilizando “factos” totalmente fabricados, profundamente insinuados na mente de um público ingénuo, mas há muito mais nesta história. Um judeu austríaco chamado Edward Louis Bernays, que era sobrinho do psicanalista Sigmund Freud, foi um dos estudantes mais precoces de Lippmann e foi ele que pôs em prática as teorias de Lippmann. Bernays é amplamente conhecido na América como o pai das Relações Públicas, mas seria muito melhor descrevê-lo como sendo o pai do marketing de guerra americano, bem como o pai da manipulação em massa, da mentalidade do povo americano.

Bernays afirmou: “Se compreendermos o mecanismo e os motivos da mente de grupo” será possível “controlar e sujeitar as massas a um regulamento, de acordo com a nossa vontade sem que elas o saibam”. Designou esta técnica científica de formação de opinião como a “engenharia do consentimento” e, para a realizar, fundiu as teorias da psicologia das multidões com as ideias psicanalíticas do seu tio Sigmund Freud. Bernays considerava que a sociedade era irracional e perigosa, com um “instinto de rebanho” e que, se o sistema eleitoral multipartidário (que foi inventado por um grupo de elites europeias como mecanismo de controlo da população) fosse destinado a sobreviver e a continuar a servir essas elites, era necessário praticar uma manipulação maciça da mente pública. Estas elites, “pessoas invisíveis”, teriam, através da sua influência sobre o governo e sobre o controlo dos meios de comunicação social, o monopólio do poder de moldar os pensamentos, os valores, e as respostas dos cidadãos. A sua convicção era que este grupo deveria inundar o povo com informação enganadora (desinformação) e propaganda emocionalmente carregada para “conceber” o consentimento das massas, e assim, governar sobre elas. Segundo ele, este consentimento fabricado das massas, ao criar a  conformidade de opinião moldada pelo instrumento da falsa propaganda, seria vital para a sobrevivência da democracia. (1) (1a) (2)

Geopolítica

Anglosionismo / Fascismos / 1%

Por Larry Romanoff em exclusivo para PRAVDA e dividido em três capítulos.

26 de Janeiro de 2021

Nota aos Leitores:

Este artigo foi publicado no Pravda em três partes com material e referências adicionais. No entanto, o original é apresentado aquí, porque já havia sido traduzido para vários idiomas e exigiria muito tempo para novas traduções. Eis os links para este artigo em três partes:

Parte 1Parte 2Parte 3

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No passado fui acusado de ser “anti-americano” e, embora talvez fosse verdade, esses sentimentos eram dirigidos principalmente para o governo dos EUA e para as suas agências e não para o povo da nação, com o fundamento de que, apesar da democracia, o povo não era responsável pelas atrocidades do empreendimento criminoso psicopata que actuava como sendo o seu governo. Assim, durante algumas décadas, defendi os americanos contra as acusações de culpa pelos procedimentos do seu governo.

A minha posição mudou. Concluí que, tal como as folhas não podem mudar de cor e as raízes não podem murchar, sem o conhecimento silencioso de toda a árvore, nenhum governo pode levar a cabo mais de dois séculos de guerras e atrocidades incessantes contra outros povos e nações, sem o conhecimento e  sem a aprovação da grande maioria do povo.

Geopolítica

Geopolítica

MANLIO DINUCCI
 

“Copyright Zambon Editore”
 
GUERRA NUCLEAR
O PRIMEIRO DIA
De Hiroshima até hoje:
Quem e como nos conduzem à catástrofe

 

6.5  A guerra contra a Líbia
 

Factores múltiplos tornam a Líbia importante aos olhos dos Estados Unidos e das potências europeias. Acima de tudo são as reservas petrolíferas – as maiores de África, preciosas pela boa qualidade e baixo custo de extracção – e as de gás natural. Depois de Washington abolir as sanções em 2003, em troca do compromisso de Gaddafi de não produzir armas nucleares nem outras armas de destruição em massa, as grandes companhias petrolíferas americanas e europeias afluem à Líbia com grande expectativa, permanecendo, no entanto, desiludidas. O governo líbio concede licenças de exploração às companhias estrangeiras que deixam à companhia estatal líbia (National Oil Corporation of Lybia, NOC) a percentagem mais alta dos lucros: dada a forte competição, a mesma chega a 90%. Além do mais a NOC requer, nos contratos, que as companhias estrangeiras recrutem pessoal líbio, mesmo para os cargos dirigentes.

Mais do que o ouro negro, os Estados Unidos e as potências europeias visam o ouro branco líbio: a imensa reserva de água fóssil do aquífero núbio (estimado em 150.000 km2), que se estende sob a Líbia,Egipto, Sudão e Chade. As possibilidades de desenvolvimento que o mesmo oferece foram demonstadas pelo governo líbio, construindo uma rede de aquedutos com 4 mil quilómetros de extensão para transportar a água extraída em profundidade de 1.300 poços no deserto, até às cidades costeiras e o oasis al Khufrah, tornando férteis terras desertas. A estas reservas hídricas, em perspectiva, mais preciosas do que as petrolíferas, querem deitar a mão – através de privatizações impostas pelo FMI – as multinacionais da água, que controlam quase metade do mercado mundial de água privatizada. Para os USA e para a NATO é importante a posição geográfica da Líbia, na intersecção entre o Mediterrâneo, a África e o Médio Oriente. Recorde-se que o rei Idris, em 1953, tinha concedido aos ingleses o uso de bases aéreas, navais e terrestres em Cirenaica e Tripolitania. Um acordo análogo foi concluído em 1954, com os Estados Unidos, que tinham obtido o uso da base de Uheelus Field, às portas de Tripoli. A mesma tinha-se tornado a principal base aérea americana do Mediterrâneo. Abolida a monarquia, a República líbia tinha forçado, em 1970, as forças americanas e britânicas a evacuar as bases militares e, no ano seguinte, tinha nacionalizado as propriedades da British Petrolum e obrigado as outras companhias a pagar ao Estado líbio taxas de lucro muito mais elevadas.

Na mira dos Estados Unidos e das potências europeias estão, também, os fundos soberanos, os capitais que o Estado líbio investiu no estrangeiro. Geridos pela Lybian Investment Authority (LIA), são estimados em cerca de 70 biliões de dólares, que montam a mais de 150 se forem incluídos os investimentos estrangeiros do Banco Central e de outros organismos. Desde que foi constituída, em 2006, a LIA efectuou em cinco anos, investimentos em mais de cem sociedades norte africanas, asiáticas, europeias norte e sul americanas:holding/capitais, banca, propriedades imobiliárias, indústrias, companhias petrolíferas e outras. Em África, a Líbia efectuou investimentos em mais de 25 países, 22 dos quais na África sub-Sahariana, programando aumentá-los, sobretudo, nos sectores dos minérios, manufacturas, turismo e telecomunicações. Os investimentos líbios foram decisivos para a realização da RASCOM (Regional African Satellite Communications Organization) que, entrando em órbita, em Agosto de 2010, permite que os países africanos comecem a tornar-se independentes das redes de satélites americanas e europeias, com uma poupança anual de centenas de milhões de dólares.

Ainda mais importantes foram os investimentos líbios na realização de três organismos financeiros lançados pela União Africana: a Banca Africana de Investimento, com sede em Tripoli; o Fundo Monetário Africano, com sede em Yaoundé (Camarões); a Banca Central Africana, com sede em Abuja (Nigéria). O desenvolvimento destes organismos poderia permitir aos países africanos  subtrair-se, pelo menos em parte, ao controlo do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional, instrumentos de domínio neocolonial, enfraquecendo o dólar e o franco CFA (a moeda que os 14 países africanos, que constituíam as antigas colónias francesas, são obrigados a usar).

Na véspera da guerra de 2011, os Estados Unidos e as potências europeias «congelam», ou seja, sequestram os fundos soberanos líbios, infligindo um golpe mortal em todo o projecto. Os emails de Hillary Clinton (Secretária de Estado da Administração Obama, em 2011),vindos à luz sucessivamente, depois de 2016, confirmam qual foi o verdadeiro objectivo da guerra: impedir o plano de Gaddafi de usar os fundos soberanos líbios para criar organismos financeiros autónomos da União Africana e uma moeda africana em alternativa ao dólar e ao Franco CFA. É Hillary Clinton – como documentará em seguida o New York Times – que faz o Presidente Obama assinar «um documento que autoriza uma operação secreta e o fornecimento de armas aos rebeldes».

São financiados e armados os sectores tribais hostis ao governo de Tripoli e a grupos islâmicos até há poucos meses considerados terroristas. Ao mesmo tempo, são infiltrados na Líbia, forças especiais, entre as quais, milhares de comandos catares, facilmente, camufláveis. A totalidade da operação procede inteiramente dos Estados Unidos, primeiro através do Comando África, depois através da NATO sob comando USA.

Em 19 de Março de 2011 começa o bombardeamento aéreo e naval da Líbia. Em sete meses, a aviação USA/NATO efectua 30.000 missões, das quais, 10.000 de ataque, com o emprego de 40.000 bombas e mísseis. A Itália participa nesta guerra com as suas bases e forças militares, rompendo o Tratado de Amizade, Parceria e Cooperação entre os dois países.

Para a guerra da Líbia, a Itália coloca à disposição das forças USA/NATO, 7 bases aéreas (Trapani, Gioia del Colle, Sigonella, Decimomannu, Aviano, Amendola e Pantelleria), assegurando assistência técnica e aprovisionamentos. A  Força Aérea Italiana participa na guerra efectuando 1,128 missões, com caças bombardeiros  Tornado, F-16 Falcon, Eurofighter 2000, AMX, drones Predator B e aviões cisterna Boeing KB-767 e KC130J. A Marinha Italiana é envolvida na guerra, em várias frentes: desde operações de embargo naval, até actividades de patrulhamento e abastecimento.

Com a guerra USA/NATO, de 2011, é demolido o Estado líbio e assassinado o próprio Gaddafi, atribuindo a imprensa a uma «revolução inspiradora» que os USA se dizem orgulhosos de apoiar. Criando «uma aliança sem igual contra a tiraniae a favor da liberdade», é demolido aquele Estado que, na costa Sul do Mediterrâneo, em frente à Itália, manteve «altos níveis de crescimento económico» (como documenta o próprio Banco Mundial), com um aumento médio do PIB de 7,5% ao ano, e registava «indicadores elevados de desenvolvimento humano», entre os quais o acesso universal à instrução primária e secundária, e para 46%, o acesso à educação de nível universitário. 

Apesar da disparidade, o padrão de vida da população líbia era notavelmente mais elevado do que o dos outros países africanos. Isto mesmo é testemunhado pelo facto de que mais de dois milhões de imigrantes, na maioria africanos, encontrarem trabalho na Líbia.

A seguir, também são afectados pela guerra, os imigrantes da África sub-sahariana que, perseguidos sob acusação de terem colaborado com Gaddafi, são presos e obrigados a fugir. Muitos, movidos pelo desespero, tentam a travessia do Mediterrâneo em direcção à Europa. Os que perdem a vida são também vítimas da guerra com a qual a NATO destruiu o Estado Líbio.

A seguir:

6.6. A guerra encoberta contra a Síria e a formação do ISIS
Ler este capítulo e os precedentes em

Geopolítica

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