Um Aviso Russo

por Dmitry Orlov, The Saker, Victor Katsap and Eugenia Gurevich

Nós, abaixo assinados, somos cidadãos russos a viver e a trabalhar nos Estados Unidos da América. Temos estado a observar com crescente ansiedade, pois as políticas actuais dos Estados Unidos e da NATO colocaram-nos numa rota de colisão extremamente perigosa com a Federação da Rússia, como também com a China. Muitos americanos respeitados, como Paul Craig Roberts, Stephen Cohen, Philip Giraldi, Ray McGovern e muitos outros têm emitido avisos sobre uma Terceira Guerra Mundial iminente. Mas as suas vozes perderam-se no ruído de uma comunicação social mediática que está cheia de histórias enganosas e imprecisas, que caracterizam a economia russa como se estivesse em ruínas e os militares russos como indivíduos fracos – todas elas baseadas em nenhuma evidência. Mas nós – conhecedores tanto da História da Rússia, como do estado actual da sociedade russa e dos militares russos, não conseguimos engolir essas mentiras. Neste momento, sentimos que é nosso dever, como cidadãos russos a viver nos EUA, de alertar o povo americano que está a ser enganado e dizer-lhe a verdade. E a verdade é simplesmente esta:

Se houver uma guerra com a Rússia, então os Estados Unidos
serão completamente destruídos e a maior parte de nós irá morrer.

Vamos recuar um pouco e colocar o que está a acontecer num contexto histórico. A Rússia sofreu muito às mãos dos invasores estrangeiros, perdendo 22 milhões de pessoas na Segunda Guerra Mundial. A maioria dos mortos eram civis, porque o país foi invadido e os russos comprometeram-se a nunca mais deixar que tal desastre acontecesse novamente. Sempre que a Rússia foi invadida, saiu vitoriosa. Em 1812, Napoleão invadiu a Rússia; em 1814 a cavalaria russa desfilou em Paris. Em 22 de Junho de 1941, a Luftwaffe de Hitler, bombardeou Kiev; em 8 de Maio de 1945, as tropas soviéticas rolavam em Berlim.

Mas, desde então, os tempos mudaram. Se Hitler fosse atacar a Rússia hoje, estaria morto dentro de 20 a 30 minutos e o seu abrigo (bunker) reduzida a escombros incandescentes, pelo impacto de um míssil de cruzeiro supersónico Kalibr, lançado de um pequeno navio da marinha russa, algures no mar Báltico. A capacidade operacional das forças armadas russas foi demonstrada clara e eficientemente, durante a recente acção contra o ISIS, o Al Nusra e outros grupos terroristas financiados por capital estrangeiro, que operam na Síria. Outrora, a Rússia teve de responder às provocações, travando batalhas terrestres no seu território e, depois, lançando uma contra invasão; mas já não é mais necessário fazê-lo. O armamento actual da Rússia procede a uma retaliação instantânea, indetectável, imparável e absolutamente mortífera.

Assim, se amanhã acontecesse subitamente uma guerra entre os EUA e a Rússia, é certo que os EUA iriam ser destruídos. No mínimo, não haveria rede de abastecimento de energia elétrica, nem internet, nem distribuição de combustíveis, nem um sistema de comunicações rodoviárias, nem transportes aéreos ou de navegação baseados em GPS. Os centros financeiros estariam em ruínas. O Governo cessaria funções, a todos os níveis. As Forças Armadas dos EUA, estacionadas em todo o globo, deixariam de ser reabastecidas. No máximo, todo o território dos EUA ficaria coberto por uma camada de cinzas radioactivas. Mencionamos estes factos sem o intuito de ser alarmistas, mas porque estamos aterrorizados, baseados em tudo o que sabemos. Se a Rússia for atacada, não vai recuar; vai retaliar e irá aniquilar totalmente os Estados Unidos.

O Governo dos EUA fez tudo o que pôde para empurrar a situação para a beira de um desastre. Em primeiro lugar, a sua política anti-russa convenceu os dirigentes russos que é inútil fazer concessões ou negociar com o Ocidente. Tornou-se evidente que o Ocidente vai apoiar sempre qualquer todos os indivíduos, movimentações ou governos que sejam contra os russos, quer sejam oligarcas russos que fogem às suas obrigações fiscais ou criminosos da guerra ucraniana ou terroristas da Chechénia apoiados pelos sauditas wahabitas ou indivíduos profanadores de catedrais, em Moscovo. Agora que a NATO, violando as promessas anteriores, se expandiu até à fronteira da Rússia, através da implantação de forças armadas dos EUA nos Estados Bálticos, dispondo a artilharia de modo a alcançar São Petersburgo que, por ordem de grandeza, é a segunda cidade da Rússia, os russos já não têm margem para recuar. Os russos não irão atacar; nem retirar-se ou render-se. O governo russo aufere de mais de 80% de apoio popular; os 20% que restam parecem sentir que ele está a ser muito brando na oposição à invasão ocidental. Mas a Rússia irá retaliar e uma provocação ou um simples erro, poderia desencadear uma sequência de acontecimentos que iria resultar na morte de milhões de norte-americanos e os EUA em ruínas.

Ao contrário do que acontece com muitos americanos, que vêem a guerra como uma aventura emocionante e vitoriosa sobre os estrangeiros, os russos odeiam e temem a guerra. Mas eles também estão prontos para tal e estão a preparar-se para a guerra há vários anos. Os preparativos têm sido muito eficientes. Ao contrário dos EUA, que desperdiça incontáveis ​​biliões de dólares em programas de armamento duvidosos e de custos exorbitantes, como o caça das Força Aérea F-35, os russos são extremamente avarentos a empregar os seus rublos na defesa, gastando 10 vezes menos nesses investimentos, em comparação com a defesa arrogante da indústria de guerra dos EUA. Embora seja verdade que a economia russa tenha sofrido com a baixa dos preços dos combustíveis fósseis, está longe de estar em ruínas e espara-se um regresso ao crescimento, no início do próximo ano. O senador John McCain designou, outrora, a Rússia como “Um posto de gasolina a fazer passar-se como sendo um país.” Bem, ele mentiu. Sim, a Rússia é o maior produtor mundial e o segundo maior exportador de petróleo, mas também é o maior exportador mundial de cereais e de tecnologia da energia nuclear. É uma sociedade tão avançada e sofisticada como a dos Estados Unidos. Presentemente, as Forças Armadas convencionais e nucleares da Rússia, estão prontas para lutar e são mais do que um mero jogo ou partida, para os EUA e para a NATO, especialmente se surgir uma guerra em qualquer lugar junto da fronteira russa.

Mas seria uma luta suicida para todos os lados. Acreditamos firmemente que uma guerra convencional na Europa tem uma forte probabilidade de se transformar muito rapidamente numa guerra nuclear e que qualquer ataque nuclear dos EUA/NATO contra as forças armadas ou contra o território russo irá accionar automaticamente um ataque nuclear russo de retaliação contra o território continental americano. Contrariamente às declarações irresponsáveis feitas por alguns propagandistas americanos, os sistemas de mísseis antibalísticos americanos são incapazes de proteger o povo americano de um ataque nuclear russo. A Rússia tem meios para atacar alvos nos EUA com armamento nuclear de longo alcance, como também com armas convencionais.

A única razão pela qual os EUA e a Rússia se encontram em rota de colisão, em vez de atenuarem as tensões e cooperarem numa ampla sucessão de problemas internacionais, é a recusa obstinada da liderança dos Estados Unidos em aceitar a Rússia como um parceiro no mesmo grau de igualdade: Washington quer ser desesperadamente, o “líder mundial” e a “nação indispensável”, se bem que a sua influência diminua de forma constante na sequência de uma série de erros na política externa e de desastres militares, tais como no Iraque, no Afeganistão, na Líbia, na Síria, no Iémen e na Ucrânia. A continuação da liderança global americana é algo que nem a Rússia, nem China, nem a maioria dos outros países está disposta a aceitar. Esta perda gradual, mas visível, de poder e influência fez com que a liderança dos Estados Unidos se tornasse histérica e falta apenas um pequeno passo para passar de liderança histérica a liderança suicida. Os líderes políticos da América precisam ser colocados sob vigilância contra o suicídio.

Em primeiro lugar, apelamos aos comandantes das Forças Armadas dos Estados Unidos para seguirem o exemplo do Almirante William Fallon, que, quando o interrogaram sobre a possibilidade de uma guerra contra o Irão, respondeu claramente: “Não, debaixo do meu comando.” Sabemos que vocês não são suicidas e que não querem morrer devido a uma arrogância imperial descabida. Se possível, informem os vossos soldados, colegas e, especialmente, os vossos superiores civis de que uma guerra com a Rússia não vai acontecer sob o vosso comando. Em último recurso, tomem esta decisão e se chegar o dia em que essa ordem suicida for emitida, recusem-se a executá-la, alegando que é criminosa. Lembrem-se que, de acordo com o Tribunal de Nuremberg: “Iniciar uma guerra de agressão … não é apenas um crime internacional; é o crime internacional supremo, sendo apenas diferente dos outros crimes de guerra, porque contém em si o mal acumulado de todos esses mesmos crimes ” De acordo com Nuremberg, a afirmação: ” Eu estava apenas a cumprir ordens” já não é justificação válida; por favor, não sejam criminosos de guerra.

Também apelamos ao povo americano para tomar resoluções pacíficas, mas contundentes, a fim de se opor a qualquer político ou partido que se envolva em actos irresponsáveis e provocadores para atormentar a Rússia e que tolere e apoie uma política de confrontação desnecessária com uma superpotência nuclear, que é capaz de destruir América em cerca de uma hora. Falem, rompam a barreira de propaganda da comunicação social mediática e tornem os vossos compatriotas americanos conscientes do imenso perigo de um confronto entre a Rússia e os EUA.

Não há nenhuma razão objectiva para que os EUA e a Rússia devam considerar-se adversários. O confronto actual é inteiramente o resultado dos pontos de vista extremistas do culto neoconservador, cujos membros foram autorizados a infiltrar-se no Governo Federal dos EUA, durante o mandato do Presidente Bill Clinton e que consideram qualquer país que se recuse a obedecer às suas ordens, como sendo um inimigo que deve ser esmagado. Graças aos esforços incansáveis desses neoconservadores, mais de um milhão de pessoas inocentes morreram na ex-Jugoslávia, no Afeganistão, no Iraque, na Líbia, na Síria, no Paquistão, na Ucrânia, no Iémen, na Somália e em muitos outros países, tudo por causa de sua insistência doentia de que os EUA devem ser um império mundial e não apenas, um país normal e que cada líder de outra nacionalidade deve curvar-se diante deles, ou ser derrubado. Esta força irresistível encontrou, finalmente, na Rússia, um obstáculo intransponível. Eles devem ser forçados a recuar antes que nos destruam todos.

Estamos absoluta e categoricamente certos de que a Rússia nunca irá atacar os EUA, nem qualquer estado membro da União Europeia, de que a Rússia não está de modo algum interessada em recriar a URSS (União das Républicas Socialistas Soviéticas) e de que não há uma “ameaça russa” ou “agressão russa.” Grande parte do sucesso económico recente da Rússia, tem muito a ver com o afastamento/separação de dependências soviéticas anteriores, o que lhe permitiu prosseguir uma política de “A Rússia primeiro”. Mas estamos certos de que se a Rússia for atacada, ou mesmo ameaçada de ataque, não vai voltar atrás e que o governo russo não irá vacilar. Com grande tristeza e coração pesado, farão o seu dever e irão desencadear uma barragem nuclear da qual os Estados Unidos nunca irão recuperar. Mesmo se toda a governação russa for morta num primeiro ataque, o designado “Dead Hand/A Mão da Morte” (o sistema “Perimeter”) irá lançar automaticamente armas nucleares suficientes para varrer os EUA do mapa político. Sentimos que é nosso dever fazer tudo o que pudermos para evitar tal catástrofe.

Evgenia Gurevich, Ph.D.
http://rusaker.net

Victor Katsap, PhD, Sr. Scientist
NuFlare Technology America, Inc.
Dmitry Orlov
http://cluborlov.blogspot.com

The Saker (A. Raevsky)
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O endereço de Dmitry Orlov é: dmitry.orlov@gmail.com

Fontes: http://www.cluborlov.com/
http://www.informationclearinghouse.info/article44784.htm
http://www.paulcraigroberts.org/2016/06/03/41522/
http://newfreepages.blogspot.pt/2016/06/a-russian-warning.html

Tradutora/Postadora: Maria Luísa de Vasconcellos
Email: luisavasconcellos2012@gmail.com

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